

“Passar fome e necessidade, não tem coisa pior que isso”, disse emocionado, o agricultor Jamilton Santos, mais conhecido como Carreirinha, que mora na cidade de Correntina na Bahia, ao relembrar os tempos difíceis que passou junto com sua família quando foi preciso vender a última vaca para custear o tratamento do pai na época.
A cada fala, as pessoas se identificavam e com lágrimas nos olhos lembravam o passado que não querem reviver. “Os programas como o Bolsa-Família não deixaram as pessoas mais preguiçosas, deixaram as pessoas com liberdade para comprar o que precisam e ter tempo de cuidar das galinhas e das hortas. E tem muita gente querendo que os programas acabem para que as pessoas trabalhem por qualquer valor. Quando eu era criança, lembro que meu irmão apanhou e foi preso porque não quis trabalhar como escravo e hoje isso pode voltar”, alerta a agricultora Vera Lúcia, da comunidade Serra Bonita, município de Palmeira dos Índios (AL).
Nos depoimentos, campesinos/as e militantes que compõem a delegação da Caravana destacaram o quanto as políticas públicas de convivência com o Semiárido possibilitaram que sertanejos e sertanejas permanecessem em seu lugar com dignidade e fartura e reforçaram que cada política pública é resultado da luta da sociedade civil organizada. “A gente é fruto da luta das nossas mães e dos nossos pais e se a gente conhece a história de nossos pais e de nossos avós a gente continua a luta. A gente é fruto deste Semiárido que luta e que resiste”, diz a jovem militante do Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem Terra, Fátima Borba.
“Neste momento a gente cria a unidade desta Caravana, porque a minha fome não é minha só, ela é de todos/as nós. Sigamos em Caravana!”, salienta a representante da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) no Ceará, Cristina Nascimento. O momento foi finalizado com o grito de ordem que identifica os povos que habitam a região semiárida do país: “É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste!”.