De fato, existem realmente secas. Aí estão as canções, os escritores, os documentários, as fotografias a nos desenhar regiões ressequidas, pessoas raquíticas e famintas em busca de alimento. Sem dúvida, algo existe de tudo isso. Mas vem a dúvida: a causa principal vem do céu? O clima do semiárido não permite vida humana razoável? Países com menor índice pluviométrico, como Israel, conseguem maravilhas de sua terra e nós minguamos. Por quê? Aí a balança se inclina para o outro lado. Há muita política suja nesse jogo da seca. Verbas destinadas para a melhoria da região desaparecem nos bolsos corruptos de aproveitadores do sofrimento alheio.
Tecnicamente há soluções. A precipitação pluviométrica acusa números satisfatórios para a vida humana digna. Existe no semiárido rica biodiversidade. Durante a seca, a natureza não morre. Recolhe-se com imensa vitalidade, à espera dos primeiros borrifos de água. E essa pode chegar lá por obra da engenharia e da previsão humana.
Aí está o nó da questão. A chuva que cai suficiente dos céus se perde e não consegue frutificar a terra nos períodos de seca. A previdência humana, com um mínimo de inteligência técnica somada à vontade política, conseguiria guardar a água dos rios e da chuva em reservatórios de diferentes tamanhos, desde as cistemas de bica até os açudes. No coração da ecologia da água do semiárido não está a carência, mas a justiça na sua administração, conservando e distribuindo água para todos.
Vamos aguardar nosso novo presidente com a esperança renovada, e que ela olhe para o nordeste com carinho, e que Deus ilumine o seu governo.