
Regina fez uma sintética análise da atual conjuntura política e provocou reflexões acerca do uso das águas, bem natural e essencial para a vida, porém cada dia mais apropriada pelo mercado, seja na privatização de nascentes, ou na distribuição voltada para atender aos interesses do agronegócio ou das indústrias. Cerca de 72% da água potável do Brasil é destinada para a agricultura irrigada. Numa região que convive com o 5º ano de seca, não fossem as ações da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), no sentido de garantir distribuição dos recursos hídricos de forma mais humana e sustentável, através de tecnologias de convivência com o Semiárido, as pessoas não teriam água sequer para beber, quiçá para plantações e criações. Uma gestão das águas que concede privilégios e favorece desperdícios é um ato ainda mais absurdo nesta região.
“Quando a gente participa de encontros como esse a gente nunca sai o mesmo que entrou. Eu saio daqui com uma compreensão maior da problemática do que quando entrei aqui neste salão”, comentou Alexandre Maia, membro da Comissão de Defesa do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da OAB-CE. Alexandre, que, entre outras atividades, milita pela defesa do Rio Poty, avalia que é importante cobrar do poder público soluções, mas para isso é necessário cada qual, em sua residência, começar a fazer sua parte para poder ser coerente com a sua luta por uma gestão democrática das águas.
Paulo Giovane, membro do da comissão multi-organizacional “Águas para a Vida”, reforçou a necessidade de juntar esforços para superar a situação injusta e desigual pela qual passam os povos do Semiárido. “A situação é difícil, mas quando a gente se junta a gente se fortalece. A conquista pelo direito soberano a água só virá de ações coletivas”, argumentou.
Entidades Presentes
Estiveram presentes, além do movimento Águas para a Vida e da OAB-CE, paróquias Senhora Sant’Ana, de Independência, Nossa Senhora das Graças, de Nova Russas e Senhor do Bonfim, de Crateús, fóruns municipais de convivência com o Semiárido, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Frente Social Cristã, Pastoral da Juventude e Pastoral da Juventude Rural, Fraternidade Amigos de Jesus, Grêmio Estudantil do IFCE - Campus Crateús, Comissão Pastoral da Terra, agentes da Cáritas Diocesana de Crateús, Associação Caatinga, Instituto Bem Viver, STTR de Nova Russas e Ipaporanga, Rede de Educação do Semiárido Brasileiro, Projeto Dom Helder Câmara e Dom Ailton Menegussi, bispo de Crateús.
A Campanha
As cerca de 50 pessoas que participaram do seminário receberam cartazes contendo denúncias contra a gestão mercadológica das águas no Ceará e anúncios de ações positivas da ASA na perspectiva da mobilização social para conquista de cisternas de placa e demais tecnologia de retenção de água da chuva, além de cartilhas e vídeos educativos. As/os participantes retornaram às comunidades motivadas/os a contribuir para a campanha “Águas nossa de cada dia”, que, entre outras medidas, pretende incidir politicamente para a aprovação de lei de iniciativa compartilhada sobre Política Estadual de Captação, Armazenamento e Aproveitamento de Água da Chuva no Estado do Ceará, bem como realizar diversas mobilizações, audiências públicas, romarias das águas no período de 17 a 22/03, por ocasião da semana das águas.