Programas de distribuição de renda e de segurança alimentar são apontados pelo estudo, como exemplos de que a proteção social gera um crescimento inclusivo.

Embora haja avanços como esses, que impactam diretamente na melhoria da qualidade de vida de milhares de brasileiros e brasileiras, neste ano, essas ações estão em risco devido à ameaça de mais um golpe no país. Historicamente, o Brasil já viveu dois golpes de Estado: um em 1937 quando o então presidente da república, Getúlio Vargas, utilizou a "ameaça comunista" para assegurar a sua permanência no poder; e outro em 1964 quando a classe militar destituiu João Goulart derrubando o regime em vigor e assumindo o poder da nação. Agora a estratégia é conseguir o impedimento da Presidente Dilma Roussef mesmo sem comprovação de crime de responsabilidade.

Antônio Barbosa, coordenador do Programa P1+2 da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). | Foto: Hugo de Lima / ASACom

Neste cenário, as políticas e programas sociais que garantem vida digna para as trabalhadoras e os trabalhadores foram o mote da Plenária de formação sobre a atual conjuntura brasileira que aconteceu na manhã da última sexta-feira, 29 de abril, no Acampamento Popular Permanente em Defesa da Democracia, localizado na Praça do Derby, no centro de Recife-PE. A atividade é organizada pela Frente Brasil Popular de Pernambuco e a Frente Povo Sem Medo. O evento contou com a participação do coordenador nacional do MST, Jaime Amorim, da representante da Federação dos Trabalhadores de Pernambuco (FETAPE), Cícera Nunes, e do coordenador do Programa P1+2 da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Antônio Barbosa.

“Este acampamento tem uma importância significativa, essa é uma ação que vai ficar na história. Mas, temos outro espaço para disputar que é a opinião pública. A imprensa internacional está convencida de que o Brasil vive um Golpe, mas a imprensa local não faz isso, e tem inclusive alimentado o ódio de uma população que ganhou muito no último governo. Por isso é importante que cada um tenha o compromisso de conversar com as pessoas, familiares e amigos. A gente nunca correu riscos como está correndo agora”, declarou Barbosa ao lembrar o processo em curso, de impeachment da Presidente.

Cícera Nunes, representante da Federação dos Trabalhadores de Pernambuco (FETAPE). | Foto: Hugo de Lima / ASACom

Já a militante da Fetape, Cicera Nunes, ressaltou que “esse golpe se dá pelo motivo de o Governo defender a classe trabalhadora e de fazer uma junção de partidos e alianças para governar melhor o país incluindo todas as classes. Nós temos capacidade de continuar a luta e não admitir o retrocesso no nosso país. Nesse momento precisamos da união das classes e de planejamento para somar forças e fazer este trabalho contra o golpe”.

Impacto das políticas no Nordeste

O Nordeste brasileiro comporta 50% da população rural do Brasil. Com um cenário comum de períodos cíclicos de seca, a região demanda ações e políticas que assegurem condições básicas para as famílias agricultoras sobreviverem e produzirem nesses períodos de longa estiagem como o que é enfrentado nos últimos cinco anos pela população do Semiárido. Desse modo, o Coordenador do P1+2, Antonio Barbosa, destaca como os camponeses e as camponesas têm convivido com as condições do clima.

“Vivemos uma seca parecida como a que aconteceu entre os anos de 1978 e 1983 quando morreu um milhão de pessoas. Morrer criança aqui no Nordeste era fácil, os registros davam conta de cinco a sete crianças mortas por dia, por município. Passamos por uma seca bem parecida, mas de fome e de seca não morreu ninguém. A morte desapareceu porque com soluções simples e baratas como uma cisterna com água para beber, bolsa família, aposentadoria rural e um conjunto de outras ações acabaram com a morte, a fome e a miséria”, afirmou Barbosa.

Para Jaime Amorim, “o Semiárido é um grande exemplo do que foi adotado pelos governos para o campo. O Garantia Safra é um programa importante porque quando se perdia uma safra você precisava ir ao banco e depender de empréstimo. O Garantia Safra é um programa público que tem sido importante na seca do Nordeste e na geada no Sul. Ele é um programa que mantém o equilíbrio, é um exercício do que podemos melhorar”.

Jaime Amorim, coordenador nacional do MST. | Foto: Hugo de Lima