Exemplos como é o caso da agricultora Josefa Lima, 59 anos, que acorda às 4h da manhã, coloca o café no fogo, tira o leite da vaca, coloca a comida para os porcos, põe o feijão no fogo, varre e passa pano na casa, e depois prepara o almoço, cuida do quintal produtivo, vai alimentar as galinhas de novo, e todos os outros bichos – é mais comum do que se pensa. E quando o sol se põe, ainda tem o jantar e assim é a última a dormir. Enfrentar todos os dias essa jornada faz parte da maior parte das mulheres no campo. “Eu gosto demais de trabalhar com a terra. Não quero parar de fazer o que gosto. A terra dá o milho, o feijão, a batata, dá tudo. E preciso fazer as tarefas de casa também. Não paro um segundo.”, falou.

É a primeira vez que Josefa recebe uma assessoria técnica na sua comunidade, através do projeto Mulheres na Caatinga, realizado pela Casa da Mulher do Nordeste, com o apoio do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS), gerenciado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). O trabalho de conscientizar as mulheres sobre sua autonomia, fez com que ela enxergasse as desigualdades, mas o diálogo ainda é difícil, principalmente porque envolve costumes e cultura.

“Aprendi que a mulher tem direito igual ao homem. Como a gente trabalha no campo, temos que combinar tudo. Dividir as tarefas é importante, não tem ninguém mais no campo, não tem trabalhador, e ai sou eu e meu marido pra fazer. Eu colho só pra consumo próprio. Mas cuidar de animal e da casa não tem descanso. É o dia todo de trabalho”, contou. Já o marido trabalha o dia todo na roça. 

Visibilizar e tornar as tarefas dentro e fora de casa divididas igualmente entre todos e todas é o primeiro passo para minimizar as desigualdades existentes entre homens e mulheres. E deixar de serem apenas “esposas de”, e passarem a ter nome próprio.