Giro pela Imprensa

Não é mais tempo de perguntar "se" é necessária uma economia verde, inclusiva e ética. A questão agora é "como" adotá-la
VIVEMOS UM momento único no Brasil, em que as evidências das mudanças climáticas e seus efeitos sobre a vida no país começam a ganhar mais destaque do que a própria crise financeira.
A sociedade civil tem se organizado para propor uma agenda nacional diferente daquela que vem sendo discutida oficialmente pelas entidades associativas e pelos partidos políticos, entre outros.
Trata-se de movimentos que buscam pôr o Brasil na trilha do crescimento econômico com equilíbrio ambiental e justiça social, o tripé da sustentabilidade. Porém, as iniciativas são fragmentadas e precisam convergir para uma mesma agenda nacional. Atores representativos da sociedade estão hoje reunidos para assumir compromissos de redução de emissões de CO2 e com sugestões ao governo brasileiro para a COP-15, a reunião mundial do clima que vai se realizar em Copenhague, no final do ano.
Engajados em trazer a sustentabilidade para plano principal do debate, ainda não conseguem constituir um todo orgânico que impulsione a cidadania a um avanço de consciência significativo em relação ao desenvolvimento sustentável. Falta uma força catalisadora que congregue essa e outras iniciativas futuras sob uma mesma égide.
Essa força é a expressão da sociedade organizada que pode adquirir múltiplas formas. Seja qual for, é inevitável que coloquemos a sustentabilidade no centro da agenda política.
Não estamos mais no tempo de perguntar "se" é necessária uma economia verde, inclusiva e ética. É tempo de perguntar "como" adotá-la. Estamos falando de uma "nova" economia, de baixo carbono, que recupera, reúsa e recicla incontáveis vezes os seus recursos e insumos.
Não será uma economia "de" mercado, mas "com" mercado, na qual o consumo, consciente, será uma vertente, porém não a "razão de ser" dos negócios. A sociedade dela decorrente também terá outros valores e outras expectativas.
Assim sendo, qual o papel dos diversos agentes nessa economia? Qual cidadania emergirá desse processo? Qual o papel do Estado? A função da iniciativa privada? Essas são, na verdade, algumas perguntinhas incômodas a que precisaremos responder para definir qual país queremos: um país que cresce por crescer ou um país que se desenvolve para prover uma vida digna no presente e garantir o futuro das próximas gerações?
O governo brasileiro está avançando numa proposta de metas de redução dos gases-estufa até 2020, para apresentar na reunião do clima em Copenhague, no final do ano. Se realmente conseguirmos adotar metas, vamos de fato assumir o protagonismo que devemos ter na construção do desenvolvimento sustentável em nível mundial.
E é isso o que demandam as diversas iniciativas sobre sustentabilidade existentes: que o país deixe de navegar na mesmice e assuma sua responsabilidade em ser parte importante na solução do dilema de civilização em que se encontra a humanidade. Esta, então, é a hora das empresas socialmente responsáveis. É preciso atingir dois objetivos, um imediato e outro de méd
Aconteceu em Lagoa Seca durante os dias 20 e 21 deste mês de agosto no Centro de Formação Maristas, o Seminário sobre o avanço da fumicultura no território da Borborema, ou seja, o avanço do plantio de fumo no território da Borborema, evento organizado pelas entidades e participação de agricultores familiares, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, ONGs, Emater, Embrapa Algodão, Universidades, Delegacia do MDA, Secretaria de governos ligadas a saúde e agricultura dentre outras.
Durante os dois dias as representações fizeram um panorama da realidade e avanços da cultura que representa grande perigo para quem produz, para quem consome e para o meio ambiente, além de representar cultura que causa grande dependência aos agricultores familiares envolvidos já que demanda grande mão de obra e produtos externos da propriedades dentre os quais perigosos venenos. Um rápido histórico sobre a ação negativa da empresa Souza Cruz, que, em parceria vem estimulando a produção da cultura na região do Brejo e Agreste paraibano com análises da trajetória de implementação da cultura em propriedades familiares rurais no Agreste da Borborema.
Stúdio Rural acompanhou o evento e conversou com representações diversas sobre a cultura e seus males dentro de uma relação de custo benefício que ao final causa grandes prejuízos não somente para as famílias produtora como também para o Estado, o país e o mundo já que trata-se de cultura geradora de inúmeras doenças.
O agricultor familiar José Leal, residente no município de Lagoa Seca, Brejo paraibano, disse ser de uma família tradicional de ex-plantadores de fumo que ao longo do tempo perceberam ser um produto gerador de dependência e miséria de forma ampla. “É uma das coisas mais perigosas que pode voltar a nossa região, quando eu falo voltar é porque eu nasci e me criei trabalhando em fumo com meus avós paternos e maternos e todos os familiares naquela época de 1940 a 50 e pra você ter uma idéia, eu comecei trabalhar com fumo eu tinha cinco anos”, argumenta Leal a iniciar seu diálogo com os ouvintes do Programa Esperança no Campo da Rede Esperança de Rádios e do Programa Domingo Rural em Rede.
Quem também dialogou com o s ouvintes da Programação de Stúdio Rural foi a coordenadora do Programa Nacional de Diversificação nas Áreas Cultivadas com Tabaco do MDA, Adriana Gregolin que falou sobre a importância de seminário e sobre as ações governamentais que estão sendo desenvolvidas como alternativa a produção do fumo que só traz problemas ambientais e para a sociedade como um todo. “A gente ressalta sempre para os participantes dos eventos, agricultores, técnicos, que essa mudança no sistema de cultivo é uma mudança que passa pelo sistema de produção como um todo, então nós temos alguns fundamentos do programa que ele deve ser pautado em qualquer projeto que estejam sendo implementados pelas instituições e são fundamentos como desenvolvimento sustentável(qualquer projeto ele tem que trabalhar nessa perspectiva da sustentabilidade das propriedades, tanto ambiental como social e econômica), a questão das parcerias que sejam projetos de execuç
O sábado do dia 22 de agosto foi marcante para os moradores das comunidades rurais de Vargem do Sal e Malhada do município de Caetité, situadas no semi-árido nordestino. Foi momento de celebração e ação de graças por iniciativas que têm transformado a vida de pessoas simples, batalhadoras e resistentes à seca. Mais que uma inauguração, foi um momento de reflexão a cerca das mudanças positivas ocorridas nessas comunidades, que antes sofriam com a falta de água e agora comemoram o sucesso de pro jetos populares como o P1+2.
O objetivo do P1+2 é ir além da captação de água de chuva para o consumo humano, avançando para a utilização sustentável da terra e o manejo adequado dos recursos hídricos para produção de alimentos (animal e vegetal), promovendo a segurança alimentar e a geração de renda.
O numeral "1" significa terra suficiente para que nela sejam desenvolvidos processos produtivos visando segurança alimentar e nutricional, e o "2" corresponde a duas formas de utilização da água - água potável para cada família do Semi-Árido e água para a produção agropecuária, de forma que as famílias de agricultores e o contingente por elas influenciado vivam dignamente.
Em Vargem do Sal o dia iniciou com a presença marcante da comunidade na capela, onde se reuniram dentre as mais diversas pessoas, os representantes da sociedade civil organizada de Caetité que foram lá para celebrar esse dia de fundamental importância na vida dessa comunidade. Estiveram representantes da Pastoral Carcerária, Pastoral da Educação, Comissão Territorial de Meio Ambiente, Rádio Educadora, além da Comissão Paroquial do P1+2 que é composta por vários representantes de segmentos da sociedade civil, como Cebs, Grupo Vicentinos, Pastoral da Criança, Paróquia Senhora Santana, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, além da Equipe Técnica do Programa.
A reunião festiva teve abertura com a fala do Pe. Osvaldino representante da paróquia Senhora Santana, o qual ressaltou a melhoria da qualidade de vida das pessoas e compromisso com a vida. Segundo ele "esse é um momento de reflexão sobre alternativas e convivência com o semi-árido, onde as pessoas precisam se organizar respeitando a natureza e aprender lutar por seus direitos reivindicando outras políticas afim de melhorar a qualidade de vida e garantindo a permanência dessas pessoas na terra".
Além do padre varias outras pessoas da comunidade e demais representantes se manifestaram falando da grande importância de projetos alternativos onde as pessoas garantem principalmente sua liberdade política e social.
De acordo com a unidade gestor do programa, o mesmo é financiado pelo Governo Federal através do Programa Fome Zero, que é repassado para a Articulação do Semi-árido - ASA, a qual juntamente com a comissão avalia as comunidades mais necessitadas e destina a construção dos empreendimentos.
Nas comunidades de Vargem do Sal e Malhada foram construídas cisternas calçadão, que capta
Depois de dois anos, 160 encontros municipais e 11 seminários regionais, o Pacto das Águas reúne, mais uma vez, os atores envolvidos no processo de discussão para formular o “Plano Estratégico de Recursos Hídricos do Ceará”, o documento final do Pacto das Águas. O movimento, coordenado pelo Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa, estuda há dois anos a gestão, a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos no Ceará. Além disso, aponta planos e ações para melhorar essas dimensões.
O II Encontro Estadual, iniciado ontem, reúne no Centro de Convenções 72 delegados representantes de cada região do Estado, 86 organizações da sociedade civil e do Governo que participam do Pacto e os integrantes dos comitês de bacias hidrográficas. “Cerca de dez mil pessoas se envolveram na elaboração do Pacto. Neste encontro, vamos revisar o conteúdo construído em dois anos. Cada bacia hidrográfica produziu um documento. Vamos pontuar cada um, confirmar qual instituição pode tocar cada coisa e aprovar uma versão final”, explica Eudoro Santana, coordenador do Pacto. Em outubro, o plano estratégico será entregue ao governador do Estado, Cid Gomes.
O chefe de gabinete da Agência Nacional das Águas (ANA), Horácio Figueiredo, participou da abertura do encontro. “É uma experiência nova. Mais uma vez, o Ceará é pioneiro em gestão das águas. O sucesso deste projeto pode servir de modelo para uma nova gestão”, comentou. O Plano Estratégico de Recursos Hídricos do Ceará deve pautar alterações na legislação estadual de recursos hídricos de 1992.
“No ano que vem, vamos rever o Plano Estadual de RH e novamente o Pacto vai nos ser muito útil”, planeja o secretário dos Recursos Hídricos, César Pinheiro.
O titular da Secretaria das Cidades, Joaquim Cartaxo, aproveitou seu discurso para lembrar que o Plano Estratégico de Recursos Hídricos do Ceará, produto do Pacto das Águas, vai nortear ações “não de um governo, mas de uma geração”.
E MAIS
- O Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos foi criado nesta gestão da Assembleia Legislativa e adotou como primeiro tema de trabalho a água, “pela transversalidade com todas as políticas públicas”, como explicou Domingos Filho, presidente da Assembleia, na solenidade de abertura do II Encontro Estadual do Pacto das Águas.
- As propostas estão divididas em: “Água e Desenvolvimento”, “Água de Beber”, “Convivência com o Semiárido” e “Sistema de Gerenciamento dos Recursos Hídricos”.
- Dentre os programas gerais, o Pacto destaca a garantia do múltiplo uso da água (como a água do Eixão das Águas, que deve ser para abastecimento humano, e não só para indústria); a necessidade de investir em saneamento básico e na coleta de resíduos sólidos no Interior do Estado; os programas de agri
A Articulação no Semiárido de Pernambuco (ASA/ PE) terá sua experiência lançada em livro na próxima quinta-feira, 10 de setembro, a partir das 19h, na Livraria Cultura Paço Alfândega, em Recife. A iniciativa do livro partiu da “afirmativa da ASA de que as desordens políticas, e não as ambientais marcam as dificuldades da vida no Semiárido”, diz a autora, Wedna Cristina Marinho Galindo.
O livro Intervenção Rural e Autonomia: A Experiência da Articulação no Semiárido/ASA em Pernambuco apresenta o trabalho de pesquisa de mestrado em sociologia realizado pela autora, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A publicação é resultado da parceria entre a UFPE, através da Editora Universitária, e as organizações que formam a ASA/PE.
A experiência da ASA/PE, conhecida durante a pesquisa, indica o desenvolvimento de processos de formação de autonomia das populações rurais, em torno de seus projetos de viver e trabalhar na região. Esse quadro é sustentado pelo discurso de defesa da convivência com o Semiárido que parece articular, dentre outros aspectos, estratégias produtivas na região, valorização das experiências de antepassados e processos de gestão coletiva do conhecimento. A pesquisa identificou esse discurso por oposição ao de combate à seca que tem mantido, historicamente, a dependência política dessa população.
Para a autora “concretizar o trabalho de pesquisa em livro possibilita-o ganhar uma existência para além das gavetas e prateleiras da academia, podendo assim, ser objeto de estudo, discussões, críticas que mantém em marcha o debate como condição de circulação do saber”.
ASA – PE: A Articulação no Semiárido de Pernambuco (ASA/PE) compõe a ASA Brasil e conta atualmente com cerca de 250 organizações da sociedade civil, que realizam ações concretas de convivência com o Semiárido brasileiro. Entre as ações estão os Programas de Mobilização Social para Convivência com o Semiárido Brasileiro Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e Uma Terra e Duas águas (P1+2), que garantem água de beber e de produzir, respectivamente, para famílias de todo o Semiárido brasileiro.
Serviço:
O que? Lançamento livro Intervenção Rural e Autonomia: A Experiência da ASA/PE
Quando? Quinta-feira, 10 de setembro, a partir das 19h.
Onde? Livraria Cultura Paço Alfândega – Rua madre de Deus, s/n, loja 135, Bairro do Recife, Recife- PE.
* Colaboração de Catarina de Angola, Núcleo de Comunicação do Centro Sabiá, para o EcoDebate, 09/09/2009
Representantes de comunidades de sete estados do nordeste se reunirão no 3º Fórum das Comunidades do Semiárido, que acontece de 14 a 17 de setembro, em Recife (PE). O encontro, organizado pelo COEP (Rede Nacional de Mobilização Social), debaterá estratégias para a melhoria da qualidade de vida e a construção da cidadania na região. A abertura será feita pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
Há mais de dez anos, o COEP, juntamente com instituições governamentais e entidades civis, promove ações de desenvolvimento do semiárido nordestino. Atualmente, cerca de cinco mil famílias de 46 comunidades integram as iniciativas, que vão do cultivo de algodão orgânico, da construção de cisternas e de barragens subterrâneas, a ovinocaprinocultura até a criação de telecentros de informática comunitários etc.
Uma parte fundamental e o grande diferencial do trabalho nas comunidades do semiárido é a transformação dos moradores em mobilizadores. Dessa forma, eles se tornam protagonistas do processo de mudança social, atuando diretamente nas mudanças para a comunidade e não apenas sendo beneficiários de um projeto.
A chegada do COEP no semiárido brasileiro aconteceu em 1998. Na época, o cultivo de algodão enfrentava abertura das importações, secas e pragas, que afetavam diretamente a renda do agricultor. Da crise, nasceu parceria com a Embrapa para retomar a agricultura familiar integrada à indústria. O local escolhido foi o Assentamento Margarida Maria Alves, comunidade rural do município de Juarez Távora, na Paraíba.
Com a aplicação de tecnologia adequada, a cultura do algodão mostrou-se uma alternativa viável para a recuperação da renda das famílias de agricultores, especialmente a produção orgânica/agroecológica que vem sendo introduzida nas comunidades. O algodão, somado aos projetos de produção de mamona, foi o ponto de partida para uma série de atividades bem-sucedidas no semiárido, que hoje vai muito além dessas duas culturas e que beneficia centenas de pessoas.
Hoje, outra ação importante do COEP na localidade acontece através dos telecentros de informática comunitários, que promovem a inclusão digital, a troca de informações, a educação à distância e a comunicação das comunidades do semiárido, em sua maioria distante dos grandes centros urbanos, com qualquer lugar do planeta. São 46 telecentros em funcionamento ou em fase final de instalação, em locais isolados onde muitas vezes não há sequer rede de telefonia. Os telecentros têm se mostrado, ainda, uma promissora ferramenta para a consolidação de uma rede solidária entre as comunidades participantes do Programa.
Sobre o COEP
Criado em 1993 por iniciativa do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o COEP Brasil atualmente reúne oito mil pessoas e mil entidades públicas e privadas para mobilizar e articular os vários setores da sociedade na promoção do desenvolvimento humano e social no país.
Brasília - A fome é uma estúpida realidade principalmente em sete países, onde vivem 65% dos famintos: Índia, China, República Democrática do Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia. Uma tragédia que já ameaça 1,02 bilhão de pessoas no planeta e ganha contornos mais nefastos quando a ajuda alimentar atinge seu mais baixo nível em 20 anos. O alerta foi dado ontem pela norte-americana Josette Sheeran, diretora executiva do Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações Unidas (PMA). Só neste ano, 87 milhões de homens, mulheres e crianças passaram a viver a fome. Segundo o PMA, nunca houve tanta gente nessa condição. No estudo Fome em 2009 - Uma receita para o desastre, a entidade mostra que enfrenta redução orçamentária e tem só 30% do dinheiro necessário para alimentar 108 milhões. Apesar de o PMA contar com US$ 6,7 bilhões para 2009, seriam necessários mais US$ 3 bilhões para cobrir o orçamento.
Apenas alguns quilômetros separam Musimwa Namashombwa de uma realidade que trai a dignidade humana. Morador de Bukavu, cidade de 241 mil habitantes no leste da República Democrática do Congo (ex-Zaire), esse geólogo de 34 anos contou ao Correio/Diario que a fome impõe escolhas radicais no país. "Em algumas famílias, se o pai e dois filhos comem hoje, amanhã ficam sem se alimentar para dar lugar à mulher e às outras crianças", disse, por meio de software de videoconferência.
Mais a leste, às margens do Oceano Índico, cerca de 10% da população do Quênia (3,8 milhões de pessoas) precisa com urgência de assistência alimentar. "O país enfrenta combinação de seca e contínua alta nos preços", diz o relatório do PMA. "Para driblar a fome, muitos comem raízes, insetos e, às vezes, carne de animais mortos", contou o queniano Hasanain Sunderji, de 47 anos, dono de uma loja de bombas elétricas e peças para motores de veículos.
A diretora do PMA fez um apelo para o mundo não se esquecer de quem mais necessita. Segundo Josette, Quênia, Guatemala e Bangladesh são os maiores desafios para o organismo. O relatório explica que o PMA terá de racionar os alimentos já em outubro, diante do reduzido estoque. Na Guatemala, onde o governo declarou "estado de calamidade nacional" e a desnutrição afeta quase metade das crianças, a ONU vê ameaçada a distribuição de suplementos alimentares para 100 mil menores e 50 gestantes e lactantes.
O coordenador de Estudos e Pesquisas de Oxfam, Ducan Green, estará no British Council, quinta-feira, mostrando uma injustiça histórica de que as mulheres são vítimas. De acordo com o livro que vem lançar, Da pobreza ao poder - como cidadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo, elas cultivam de 60 a 80% dos alimentos produzidos na maioria dos países em desenvolvimento, mas são donas de menos de 2% da terra.
O combate e a adaptação às mudanças climáticas se tornaram parte obrigatória de qualquer plano de desenvolvimento. E custarão, no Terceiro Mundo, US$ 475 bilhões por ano nos próximos 20 anos, segundo um relatório do Banco Mundial divulgado ontem.
É a primeira vez que o tema do aquecimento global aparece como assunto principal do "World Development Report", uma espécie de guia anual publicado pelo Bird desde 1978.
O relatório vem num momento estratégico, a três meses da conferência da ONU em Copenhague, que forjará o novo acordo de proteção ao clima, e a oito dias do encontro do G20 que debaterá o assunto.
Segundo o documento, os efeitos da mudança climática -mais tempestades, secas e ondas de calor-, que já acontecem e tendem a se agravar, tornam mais difícil a tarefa de aliviar a pobreza, pois "drenam recursos do desenvolvimento" e aumentam o preço da comida.
"Países em desenvolvimento são afetados desproporcionalmente pela mudança climática -uma crise que eles não produziram e para a qual não estão preparados", disse o presidente do banco, Robert Zoellick.
É nesses países, como o Brasil, que está o potencial de corte de emissões com menor custo.
Mas esse corte terá de ser financiado pelos países ricos, diz o banco. E aqui há uma lacuna: hoje, ações de adaptação e de mitigação (redução de emissões) no Terceiro Mundo têm US$ 10 bilhões por ano. Mas o relatório estima que serão necessários US$ 400 bilhões por ano para a mitigação e US$ 75 bilhões para a adaptação. Para comparação, a crise econômica mundial já tragou US$ 3 trilhões em um ano.
O relatório aponta problemas nos atuais mecanismos de financiamento de ações antiaquecimento. Um exemplo é o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), criado pelo Protocolo de Kyoto, de 1997. Através dele, ações de redução em países pobres poderiam valer créditos de carbono, a serem abatidos das metas de corte de emissões dos países ricos.
Mas o MDL, avalia o banco, rendeu poucos recursos (serão no máximo US$ 18 bilhões em 11 anos) e fracassou em seu objetivo: "Ele não levou os países em desenvolvimento para trajetórias de baixo carbono".
O relatório propõe novos mecanismos de financiamento, como impostos "fiscalmente neutros" sobre as emissões de carbono -ou seja, que fossem restituídos com redução de outros impostos- até uma taxa sobre o transporte internacional, ecoando uma proposta feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dois anos atrás.
Álcool brasileiro
Outra lacuna apontada é a do desenvolvimento de tecnologias de energia limpa. Elas são vistas como a principal arma para impedir que o aquecimento global fique muito acima de 2C até 2100.
"Os subsídios globais ao petróleo e derivados são de US$ 150 bilhões por ano, mas o gasto público em desenvolvimento e emprego de tecnologias de energia é de cerca de US$ 10 bilhões há décadas", diz o banco.
Aqui, mais uma vez, a responsabilidade é dos países ricos, nã
Altas temperaturas e baixa umidades também causam prejuízos nas lavouras; agricultores de Cachoerinha, não inscritos no Programa Garantia Safra, se queixam dos prejuízos
Da Redação do pe360graus.com
A seca está causando prejuízos nas lavouras. Foi decretado estado de emergência em 28 municípios do Agreste e do Sertão de Pernambuco. 19 deles ficam no Sertão, dentre os quais Betânia, Cabrobó, Carnaubeira da Penha, Exu, Flores, Inajá, Itacuruba, Lagoa Grande, Mirandiba, Parnamirim, Petrolina, São José do Belmonte, Serrita, Tabira e Terra Nova.
No Agreste mais nove municípios, entre eles: Bezerros, Feira Nova, Riacho das Almas e Cachoeirinha. O nível de água no açude público do Sítio Conceição de Cima, em Cachoeirinha, está bem abaixo do normal, para desespero dos moradores - é nele que a população abastece as casas.
As lavouras que seriam o sustento das famílias estão perdidas. “O rapaz plantou meio mundo de feijão e perdeu quase tudo. Isso está acontecendo com todo mundo”, contou o agricultor José Correia dos Santos.
Alguns agricultores reduziram o prejuízo com o Programa Garantia Safra, uma ajuda do Governo Federal de quase R$ 600, mas infelizmente o benefício ainda não chegou a Cachoeirinha. “Tem que estar cadastrado no Estado, porque é um recurso federal, mas não tivemos tempo de fazer isso”, justificou o secretário de Agricultura da cidade. “Mas estamos tomando providências para que os agricultores recebam caso haja perda”.
GARANTIA SAFRA
O Programa Garantia Safra faz parte do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e visa garantir uma renda para a família que tem perda por excesso hídrico ou estiagem. Para fazer parte do programa, o agricultor tem que plantar em uma área entre 0,6 e 10 hectares, ter renda mensal de um salário mínimo e meio e ser do semiárido.
“Além disso, o município deve fazer adesão no Governo do Estado”, explica a coordenadora do Programa Garantia Safra em Pernambuco, Edivânia Vidal (foto 1). “O agricultor tem que procurar o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural da sua cidade ou uma associação do município que conceda a DAP, declaração de aptidão para o Pronaf”.
Para a safra 2009-2010, o curso da adesão é de R$ 6 para o agricultor, R$ 18 para o município e R$ 36 para o Governo do Estado, por cadastro. “Havendo perda, o agricultor recebe quatro parcelas de R$ 150, totalizando em R$ 600”, disse Edivânia Vidal. “É o segundo maior programa do Brasil, depois do Bolsa Família, atende 700 mil agricultores do semiárido do Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo”.
METEOROLOGIA
As previsões meteorológicas para os agricultores do semiárido não é muito animadora. Se na Região Metropolitana do Recife e no litoral a previsão é de pancada de chuvas e sol apenas no fim do ano, no Sertão e no Agreste, as altas temperaturas e o tempo seco predominam. Os extremos do clima em todo o Brasil são explicados pelo mesmo
Sol, calor em pouca chuva começam a predominar do litoral ao Sertão de Pernambuco. Essa previsão preocupa 28 municípios do semiárido pernambucano que estão em situação crítica e decretaram emergência por causa da seca. De acordo com a Coordenação da Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), só deve voltar a chover em janeiro de 2010.
São 19 cidades do Sertão do Estado e outras nove do Agreste. Apesar da quantidade, o tenente-coronel Ivan Ramos, da Codecipe, afirma que o número é menor do que o registrado no fim de setembro do ano passado. “Em 2008, no mesmo período, eram 39 municípios, então chuvas de forma geral foram boas para a maioria das cidades”, disse.
Segundo ele, para o semiárido, nesse período, há uma fase de estiagem, se caracteriza pela baixa pluviosidade – os municípios do semiárido têm uma média de 500 milímetros por ano, enquanto a média no Recife é de 2.400 milímetros.
“Isso é agravado pela alta taxa de evaporação, mas é comum para aquela região”, afirmou o tenente-coronel Ivan Ramos. “O Estado fica em alerta acompanhando a situação com as coordenadorias municipais de Defesa Civil”. Mais informações pelo telefone da Codecipe:
(81) 3181-2490.
Os primeiros meses de estiagem em Pernambuco já levaram 28 municípios do Sertão e do Agreste a decretar estado de emergência. Desses, 11 foram homologados pelo governo do Estado. A falta de chuvas está fazendo mais estrago no Sertão, onde 19 cidades recorreram à ajuda oficial para enfrentar a seca. Os números da Coordenação de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), no entanto, mostram que o impacto da estiagem este ano tem sido menor do que em 2008. No fim de setembro do ano passado, 39 municípios já haviam entrado em estado de emergência, 11 a menos do que agora.
Entre as cidades do Sertão, estão na lista Betânia, Cabrobó, Carnaubeira da Penha, Exu, Flores, Inajá, Itacuruba, Lagoa Grande, Mirandiba, Parnamirim, Petrolina, São José do Belmonte, Serrita, Tabira e Terra Nova. Já no Agreste, entre os municípios mais castigados estão Bezerros, Feira Nova, Riacho das Almas e Cachoeirinha.
O coordenador da Codecipe, coronel Ivan Ramos, explica que mais cidades deverão entrar na lista, já que a época mais crítica da estiagem será nos meses de novembro e dezembro. “No ano passado, quase 90 municípios haviam decretado estado de emergência nesse período”, observa. Ele disse que, apesar de ter chovido acima da média no Sertão, nos meses de inverno, o índice pluviométrico dessa região é muito baixo.
Ele cita o exemplo de Itacuruba, cuja média anual é de 400 milímetros por ano. “É praticamente a mesma quantidade de um mês chuvoso no Recife”, compara. Outro fator que contribui para o agravamento da situação é a alta taxa de evaporação do Semiárido. “Mesmo quando os rios conseguem elevar o nível, eles secam muito rápido”, explica o coronel Ramos.
DRAMA
Além da perda das lavouras, o lado mais dramático da estiagem é a falta de água para consumo dos moradores. Quase 80 municípios já estão recebendo auxílio de carros-pipa no abastecimento.
“Quem mais sofre é a população da zona rural, que mora distante e depende exclusivamente dessa assistência para conseguir água”, diz o coordenador da Codecipe.
Coronel Ramos explica que muitos municípios decretam estado de emergência para ser incluídona lista de prioridades do programa de carros-pipa.
Levantamento feito por cientistas australianos inclui espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de todo o mundo que correm risco de desaparecer com o aumento da temperatura global
SYDNEY – Quase 10% dos mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes do planeta estão em perigo de extinção em consequência das mudanças climáticas e outros fatores, segundo um estudo científico publicado ontem na Austrália.
O estudo Número de Espécies Vivas na Austrália e no Mundo detectou que 0,9% de 1,9 milhão de espécies classificadas no mundo estão ameaçadas, incluindo 9,2% das principais espécies de vertebrados.
De acordo com levantamento de recursos biológicos financiado pelo governo australiano, único censo mundial de animais e plantas, 20,8% dos mamíferos estão sob ameaça, assim como 12,2% das aves e 29,2% dos anfíbios. Também são considerados ameaçados 4,8% dos répteis e 4,1% dos peixes.
“Na Austrália e em todo o mundo, a biodiversidade está sob crescente pressão”, afirmou a secretária do departamento australiano do Meio Ambiente, Robyn Kruk. “As pressões são onipresentes e crônicas em muitos lugares: as espécies invasivas, a perda do habitat e a mudança climática em particular”, completou.
CONFERÊNCIA
Enquanto cientistas apontavam impactos do aquecimento sobre a biodiversidade, representantes de diversos países retomavam em Bangcoc, na Tailândia, as negociações sobre o clima com um apelo do representante das Nações Unidas em favor de um acordo mundial, caso contrário o planeta pode ser atingido por uma sucessão de catástrofes naturais.
“O tempo não pressiona, pois praticamente já acabou”, afirmou o secretário-executivo da Conferência da ONU sobre a Mudança Climática, Yvo de Boer aos 2.500 delegados reunidos na capital tailandesa. A dois meses da Cúpula de Copenhague, um acordo ambicioso e quantitativo de redução de gases causadores do efeito estufa parece cada vez mais improvável após as discussões decepcionantes nos Estados Unidos.
Mas a urgência de um acordo como este foi tristemente destacada pelas inundações nas Filipinas, disse o responsável da ONU. “Uma das razões de estar aqui é garantir que a frequência e a severidade deste tipo de evento climático extremo vão diminuir com uma política ambiciosa”, explicou. “Não tem plano B, e se não conseguirmos realizar o plano A, o futuro nos responsabilizará por isso”, continuou.
Para tentar limitar o aquecimento
O mercado de crédito de carbono, que negocia a redução de gases do efeito estufa na atmosfera, chegou ao Semiárido. No lugar de caatinga, cerâmica do Sertão usa lenha de manejo florestal, bagaço de cana, casca de babaçu, pó de serra e restos de poda de árvores para cozer telhas e tijolos. A substituição permitiu a venda, este ano, de 114 mil créditos ao Banco Mundial (Bird). Cada crédito equivale a uma tonelada de carbono que teve emissão evitada.
O negócio rendeu à Cerâmica Gomes de Matos, no Crato (CE), US$ 684 mil. Por enquanto a negociação é feita no mercado paralelo. Também chamado de carbono social ou mercado voluntário de carbono, não atende todos os pré-requisitos do Protocolo de Kyoto, mas é reconhecido pela ONU. “No paralelo um crédito custa US$ 6. No oficial chega a 25”, analisa um dos donos da cerâmica, Ronaldo Gomes de Matos.
Antes de entrar no mercado de carbono, a cerâmica aquecia fornos com lenha de desmatamentoda caatinga, coque de petróleo e óleo BPF. “Passamos a usar lenha de plano de manejo florestal e incorporamos outros tipos de biomassa, todos renováveis”, explica Everardo Gomes de Matos, irmão e sócio de Ronaldo.
Para o industrial, a busca pela eficiência energética mostrou que conservação ambiental é compatível com desenvolvimento. “Ou seja, proteger o meio ambiente dá dinheiro”, resume.
Calculadora em punho, Everardo faz uma conta rápida. “Comprava um metro de lenha por R$ 28. No plano de manejo sai a R$ 12.” O metro de que ele fala é o estéreo. Equivalente a um metro cúbico não compacto de lenha, a unidade de medida leva em conta espaços vazios entre toras.
Everardo, que atua no ramo de transporte e no imobiliário, confessa que sempre pensa no lucro antes de adotar medida ambientalmente sustentável. “Empresário gosta de dinheiro.”
Foi assim quando, ano passado, resolveu triturar torrões de argila no lugar de molhá-los por dois dias seguidos até que amolecessem o suficiente para moldar-se à forma de tijolos e telhas.
“O bombeamento da água correspondia ao maior consumo de eletricidade da fábrica.” Agora os torrões passam por triturador projetado com dicas do empresário e movido a pó de serra. A medida resultou na redução à metade no valor da conta da Companhia Energética do Ceará (Coelce). “A Coelce pensou que eu tinha posto um macaco”, lembra Everardo.
Já por queimar restos de poda, os irmãos Gomes de Matos vendem créditos não de carbono, mas de metano. É que os troncos das árvores cortadas pela prefeit
A Brasil Ecodiesel deve apresentar ao mercado um plano de reestruturação estratégica em cerca de 120 dias. A afirmação foi feita pelo novo diretor-presidente da empresa, Mauro Cerchiari, que está há pouco mais de um mês no cargo. Endividada e sem capital de giro para produzir o biodiesel vendido em leilões para a Petrobras até o início do ano, a Brasil Ecodiesel recebeu uma nova injeção de capital que a permitiu voltar a operar e reduzir de forma substancial sua dívida.
Criada em 2003 pelo empresário Daniel Birman, com a estratégia de produzir biodiesel usando matérias-primas regionais e alternativas - como a mamona, produzida pela agricultura familiar e incentivada pelo próprio governo federal -, os investimentos regionalizados logo se transformaram em um pesadelo administrativo. Com prejuízos consecutivos, a Brasil Ecodiesel concentrou sua produção na soja, reduziu a operação de suas unidades nordestinas e menos competitivas e foi atrás de nova capitalização.
"Nossos principais credores formaram um fundo, o Neo Biodiesel, e trocaram a dívida por ações, transformando-se em nosso principal acionista", diz Cerchiari. Segundo ele, a nova Brasil Ecodiesel não quer conquistar market share a qualquer custo. "Queremos ser a empresa mais eficiente."
Agricultores do semi-árido do Nordeste estão tendo a oportunidade de conhecer como aproveitar melhor a água da chuva. Eles participam de um encontro em Caruaru, Pernambuco.
Uma calha instalada no telhado da casa ajuda a encher a cisterna quando chove. É daí que Dona Maria Aparecida tira a água usada nas atividades domésticas.
“Agora a gente tem a água mais fácil, no período do inverno”, diz.
Na zona rural de Brejo da Madre de Deus, essa forma de captação é bem comum. No sítio onde mora Dona Aparecida, a água abastece dezenas de outras cisternas, mas, para recolhê-la, é preciso tomar alguns cuidados.
“A primeira água que cai no telhado deve ser desviada, para que não entre na cisterna. Então, a gente deveria instalar um dispositivo para evitar que essa água que cai primeiro entre na cisterna, para que ela seja descartada. Após essa lavagem do telhado a gente começaria, realmente, a captar toda a água para dentro da cisterna”, ensina o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Frassinete.
Em Pernambuco, os agricultores têm a oportunidade de utilizar de maneira mais adequada os recursos naturais. Caruaru foi a cidade escolhida para sediar o 7º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva. Representantes de associações rurais de todo o país participam de palestras e mini-cursos.
O agricultor Ivanilson Pereira veio de Curaçá, na Bahia, e diz que vai repassar tudo que aprendeu aqui na comunidade onde vive. “A palestra que eu assisti aqui, vou passar mais para a comunidade lá”, garante.
O encontro vai até esta sexta-feira.
Pela primeira vez o IBGE pesquisou a agricultura familiar. E concluiu que ela tem um peso grande na produção de alimentos. As pequenas propriedades empregavam, em 2006, 12,3 milhões de pessoas.
Pela primeira vez o IBGE pesquisou a agricultura familiar. E concluiu que ela tem um peso grande na produção de alimentos.
O produtor que planta pra comer. O assentado, o microempresário rural. Em comum, a jornada de sol a sol.
O Censo contou mais de 4 milhões de agricultores familiares no Brasil. Sete em cada dez são donos das terras onde trabalham. Em média, propriedades com pouco mais de 18 hectares. O equivalente a 18 campos de futebol.
Gente como o paranaense Aguinaldo Bispo. Na chácara, ele planta de tudo um pouco, para não ficar em apuros. “Se você tem só um produto e o preço fica ruim, cai, você não tem para onde correr”, disse.
As pequenas propriedades empregavam, em 2006, 12,3 milhões de pessoas, a maioria, parentes dos agricultores. No sítio do seu Elói, perto de Londrina, a mulher e o filho também ajudam a cuidar dos pomares.
No espaço apertado, o produtor aproveita cada palmo de chão. Bom pra renda dele, fundamental pro abastecimento do país. Boa parte dos alimentos básicos que vão para a mesa dos brasileiros, sai das pequenas propriedades.
No supermercado, uma amostra dessa fartura: (arte ) 87% da produção nacional de mandioca, 77% do feijão preto. Mais milho (46%), leite (58%), suínos (59%) e aves (50%). “Para a gente é um orgulho. Quem é que não fica orgulhoso de ver as pessoas com a mesa farta?”, disse um produtor.
Mas a renda nem sempre acompanha tanta dedicação. Produtor de café, seu Nelson não ganha mais do que R$ 900 por mês.
Para assistir o vídeo, acesse o link abaixo:
A agropecuária brasileira permanece marcada pela desigualdade e com um nível de concentração de terras cada vez mais grave, como mostra o Censo Agropecuário 2006, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O censo retrata as mudanças ocorridas no setor na última década, já que o levantamento anterior refere-se a 1996. No entanto, a concentração de terras permanece praticamente inalterada há mais de 20 anos, desde 1985.
Segundo o IBGE, enquanto as propriedades de menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7% da área agrícola, a área dos estabelecimentos de mais de 1.000 hectares concentram mais de 43%. O Índice de Gini - medida internacional de desigualdade - no meio rural chegou a 0,872, superando o dos anos de 1985 (0,857) e 1995 (0,856). Pela tabela de Gini, que vai de zero a 1, quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade na renda.
Como comparação, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), também do IBGE, divulgada há três semanas, mostrou o índice de 0,521 para o rendimento total do trabalho no Brasil em 2008.O Gini brasileiro, um dos mais altos do mundo, vem recuando nos últimos anos. Mas a pesquisa revela que a desigualdade é ainda maior no campo.
"As diferenças na área dos estabelecimentos agropecuários continuam a caracterizar a manutenção da desigualdade na distribuição de terra no País nos últimos censos", conclui o estudo, que revela, ainda, a baixa escolaridade dos produtores, assistência técnica limitada e uso indiscriminado de agrotóxicos, além de importante presença da agricultura familiar na produção de alimentos.
A evolução do Gini da estrutura agrária, no entanto, foi muito diferente entre as unidades da Federação. Em São Paulo, passou de 0,758 no censo anterior para 0,804. No Maranhão, recuou de 0,903 para 0,864. No Censo 2006, o maior índice de Gini estava em Alagoas (0,871), enquanto o menor foi apurado em Roraima (0,664).
O técnico do IBGE responsável pelo Censo Agropecuário, Antonio Carlos Florido, disse que os dados de Gini devem ser analisados com cautela, já que nem sempre a concentração reflete uma situação desfavorável para os produtores.
Segundo Florido, o arrendamento de algumas grandes propriedades para um grande número de produtores, para exploração de uma cultura como a soja, pode provocar distorções em algumas regiões, mostrando que há muitos estabelecimentos muito pequenos, mas isso não é um dado negativo, já que estão sendo gerados trabalho e produção nessas pequenas fatias de terra.
Ele ressalta que um dado importante revelado pelo Índice de Gini é que, apesar da manutenção das desigualdades na média do País, a concentração diminuiu em quase 50% dos municípios. De acordo com o IBGE, em 2.360 municípios houve redução do índice, ainda que o nível tenha prosseguido, na maior parte, elevado.
O secretário executivo e ministro interino do Ministério do Desenvolvimento Agrário
Clique aqui e assista à reportagem.
O 10º CENSO Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, compõe um retrato bifronte do campo brasileiro. A face mais à vista parece apontar um retrocesso, com o aumento da concentração de terras desde 1996. Por trás dela, contudo, vislumbra-se uma agropecuária pujante, que se moderniza e compete com sucesso no mercado global, embora ainda possa tornar-se muito mais eficiente.
Em 2006, havia 5,2 milhões de estabelecimentos rurais no país, responsáveis por uma produção no valor de R$ 147 bilhões e por empregar 18,9% da população ativa. Dez anos antes, eram 4,9 milhões de propriedades.
A área ocupada, que corresponde a 36,8% do território nacional, recuou 6,7%. Ou seja, o equivalente a 237 mil km2 a menos -uma superfície do tamanho de Rondônia. Produz-se mais, em volume e valor, com muito menos terra.
Nesse processo de ganho de produtividade, aumentou 1,9% a concentração de terras medida pelo índice de Gini. Passou-se de 0,856 para 0,872 (quanto mais perto de 1, mais área na mão de menos proprietários).
Ocorre que variaram pouco tanto a parcela da área total ocupada por latifúndios, de 45,1% para 44%, quanto a de minifúndios, de 2,2% para 2,4%. A concentração atingiu propriedades médias, segundo o IBGE, sob estímulo de cultivos de commodities, como soja, milho e algodão.
Todos eles observaram avanços de produtividade entre os censos, com destaque para o milho (47,7%). Com todas as incertezas e dificuldades de que os empresários do agronegócio habitualmente se lamentam, estão investindo e conquistando mercado no mundo. Só a produção de soja aumentou 88% em uma década.
A modernização alcança até a pecuária, poucas décadas atrás um símbolo de atraso no campo. Embora ocupe 62% da área total, representa só 10% da renda agrícola. Mas o rebanho bovino cresceu 12,1%, para 171 milhões de cabeças, mesmo com redução de 10,7% nas pastagens.
Se em 1996 havia 0,86 cabeça por hectare, em 2006 a cifra subiu para 1,08/ha. Ainda distante, decerto, das 5/ha que a Embrapa indica ser possível manter com manejo adequado de pastos.
Há, portanto, ampla margem para intensificar a pecuária bovina e aumentar a participação das exportações na produção, que já progrediu de 1,2% para 17,8%. Em paralelo, libera-se terra para aumentar o plantio de outras commodities sem avançar sobre áreas de vegetação primária, como exigem mercado e opinião pública dentro e fora do país.
O censo aponta ainda muitas outras mazelas agrícolas brasileiras, como a baixa utilização de crédito -menos de um quinto dos estabelecimentos recorreu a financiamentos em 2006- e a carência de assistência técnica. A agropecuária vai bem, no final das contas, mas precisa ir muito melhor para aproveitar todo o potencial presente no país.
A SemiáridoShow 2009, que começa amanhã em Petrolina, terá o seminário Bases tecnológicas para uma gestão municipal de convivência com o Semi-Árido, promovido pela Embrapa Semi-Árido e o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação.
Um ano depois de descobrir um lagarto no Parque Nacional do Catimbau, em Buíque, Agreste de Pernambuco, pesquisadores encontraram no lugar mais uma espécie de réptil desconhecida para a ciência. Trata-se de uma anfisbena, também chamada de cobra-de-duas-cabeças, com mais anéis corpóreos do que esses animais costumam ter.
A característica inspirou o nome científico dado ao bicho: Amphisbaena supernumeraria. O primeiro termo é relativo ao gênero, já conhecido pelos biólogos. O segundo, cunhado pela equipe de três universidades brasileiras envolvidas na descoberta, corresponde à espécie. “O super quer dizer maior ou grande e numerária, número”, justifica a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Ednilza Maranhão.
A pesquisadora, da unidade acadêmica da UFRPE em Serra Talhada, conta que coletou quatro exemplares do animal, em março do ano passado, na Fazenda Porto Seguro, propriedade identificada na região como Meu Rei. Ednilza estava acompanhada pelo mais reconhecido herpetólogo (especialista em répteis) do Brasil, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Miguel Trefaut Rodrigues.
Os dois, mais a professora da Universidade Federal do Mato Grosso Tamí Mott, especialista em anfisbenas, descreveram a nova espécie, em julho deste ano, na prestigiosa revista científica Zootaxa. “O número elevado de anéis corpóreos e a fusão das escamas frontais são algumas das principais características desse réptil”, revela Ednilza.
A pesquisadora conta que o animal vive enterrado no solo, onde passa grande parte do tempo. “Como é um réptil recém-descoberto, muita coisa sobre a sua história de vida ainda precisa ser desvendada”, avalia. Para a professora, a descoberta destaca a importância do Parque Nacional do Catimbau como área prioritária para conservação, principalmente da herpetofauna, que é o conjunto de espécies de anfíbios e répteis, do Semiárido.
O parque, criado pelo governo federal em 2002, tem 62.300 hectares e envolve quatro municípios: Buíque, Tupanatinga (também no Agreste), Ibimirim e Sertânia (ambas no Sertão). “É grande a possibilidade de mais espécies serem descobertas com a continuação das pesquisas”, prevê a pesquisadora.
No mundo são conhecidas 196 espécies de anfisbenas, répteis escamosos que costumam viver enterrados. Elas estão distribuídas em seis famílias zoológicas, das quais a dos anfisbenídeos é a mais numerosa. Inclui 16 gêneros e 178 espécies.
A família dos anfisbenídeos, explicam os autores do artigo, ocorre na África e nas Américas<
Avanço da soja, produtores rurais semianalfabetos, 1 milhão de menores de 14 anos trabalhando, agricultura familiar responsável pela segurança alimentar do País, diminuição da área destinada à agropecuária. Esses são alguns dos principais dados apurados e finalmente compilados do Censo Agrope-cuário 2006, raio X da estrutura produtiva do agronegócio brasileiro que atualiza os dados de 1995, ano da última medição.
O décimo Censo traça um perfil detalhado de 5,2 milhões de propriedades rurais do Brasil e revela que a concentração de terras permanece praticamente inalterada ao longo dos anos.O índice de Gini, que mede a concentração fundiária, registrou uma piora. Passou de 0,856 para 0,872. As propriedades com mais de mil hectares ocupam 43% da área total, ante os 2,7% de área ocupada pelas menores (abaixo de 10 hectares), que representam 47% das propriedades. Mas houve uma queda na concentração de terras em 2.360 cidades brasileiras.
O movimento de concentração, segundo o IBGE, foi puxado pelas grandes culturas de exportação (soja e milho, especialmente), pela profissionalização do agronegócio e pelo avanço da fronteira agropecuária em direção à Amazônia e ao Pantanal – impulsionada pela criação de bovinos e pela soja. Com crescimento de 88% na produção, a soja foi a cultura que mais se expandiu na última década, muito em razão do uso de sementes transgênicas, adotada por 46,4% dos estabelecimentos.
A área destinada à agropecuária diminuiu em 23,7 milhões de hectares -(-6,69%) em relação a 1995. O IBGE acredita que a criação de novas Unidades de Conservação Ambiental (crescimento de 19,09% de área) e a demarcação de terras indígenas (crescimento de 128,2%), totalizando mais de 60 milhões de hectares, podem explicar a redução.
Nas propriedades, houve diminuição das áreas de florestas (-11%) e de pastagens naturais (-26,6%), e aumento nas áreas de pastagens plantadas de 1,7 milhão de hectares (1,8%). Como era de esperar, o crescimento coincide com o avanço das fronteiras agropecuárias. O maior ocorreu no Centro-Oeste (63,9%), o que pode explicar os índices recordes de desmatamento medidos na região.
Gerente do Censo Agropecuário desde 1991, o engenheiro agrônomo Antonio Carlos Simões Florido participou de cinco levantamentos semelhantes. Prefere, por isso, se distanciar de conclusões simplistas. “Não dá para olhar um dado e emitir um juízo de valor. O resultado será ruim ou bom, dependendo do viés que se dê a ele.”
Dá como exemplo um dos dados mais polêmicos apurados pelo IBGE: o de que há 1 milhão de crianças de até 14 anos trabalhando no campo. “A maior parte delas pertence a famílias de produtores que trabalham e vivem em suas unidades de produção. Os filhos ajudam a capinar, cuidar de galinha, mesmo que frequentem a escola”, argumenta. “Não quero dizer que não há crianças sendo exploradas, mas a maioria ajuda os pais, da mesma forma que pedimos aos nossos fil
A transposição de águas do Rio São Francisco acelerou. No Eixo Leste, a obra está 16% concluída, enquanto que no Eixo Norte o avanço é de 13,5%. Cerca de oito mil pessoas trabalham nos canteiros, número que deve chegar a 10 mil até o fim do ano.
No Eixo Leste, a obra da transposição do São Francisco está 16% concluída e no Eixo Norte o avanço é de 13,5%. O andamento do projeto foi destacado ontem pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao apresentar em Brasília o segundo balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o oitavo desde seu início.
O PAC destina R$ 6 bilhões ao Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. Na próxima semana, entre os dias 14 e 16, o governador Eduardo Campos irá acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um périplo por Minas Gerais, Bahia e pelos canteiros de obras em Pernambuco. Os eixos Norte e Leste partem da margem pernambucana do rio, seguindo em direção a Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará através de 700 quilômetros de canais.
"Esta é uma obra significativa para o governo federal", disse Dilma, acrescentandoque os avanços são consideráveis quando se leva em conta as dificuldade iniciais do projeto. A transposição foi questionada por órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas da União (TCU), e sofreu muita resistência por parte da sociedade civil. Basta lembrar as duas greves de fome feitas pelo bispo de Barra (BA), dom Flávio Cappio.
Diversos especialistas ainda criticam o projeto. Mas o fato é que a transposição realmente saiu do papel e o ritmo das obras é considerado adequado pelo governo. No Eixo Leste, que distribuirá água para Pernambuco e Paraíba através de 220 quilômetros de canais, o Batalhão de Engenharia do Exército executou 34,5% do canal de aproximação de 6 quilômetros e 77,7% da barragem de Areias, no município de Floresta. Dos cinco lotes (do 9 ao 13) concedidos à iniciativa privada, todos estão em obras e o mais avançado é o 11, com 38,3% executados. O objetivo do governo é concluir 40% desse eixo até o fim de dezembro.
Já no Eixo Norte, de maior extensão (são 402 quilômetros chegando atéo Ceará), o Exército executou 40% do canal de 2,1 quilômetros e 35% da barragem de Tucutu, em Cabrobó. No trecho concedido à iniciativa privada (lotes 1 a 7), dois lotes ainda estão em fase de mobilização/implantação de canteiros. O trecho mais avançado é o lote 1, com 27,5% executados. Em ambos os eixos o governo federal está construin
Discutir água, terra, segurança alimentar, economia popular solidária, educação contextualizada, biodiversidade, auto-organização e direitos das mulheres no semiárido piauiense: esse é o propósito do Encontro Estadual do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, que será realizado nos próximos dias 8 e 9 de outubro, no Centro de Treinamento Diocesano de Picos.
Segundo João Evangelista Oliveira, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) na região de Picos, além de fazer o monitoramento dos programas da rede, o encontro estadual é um momento político e estratégico das ASAs Estaduais, no Piauí o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, dialogarem com as políticas públicas locais e visibilizarem para a sociedade e para o governo o projeto da Articulação de desenvolvimento para o Semiárido.
Dentro da programação do encontro está previsto uma discussão sobre os modelos de desenvolvimento no contexto das crises, em especial a análise dos aspectos da criação da Suzano Celulose no Piauí. Além disso, será debatido também como as tecnologias sociais tem contribuído para a efetivação das políticas públicas locais e de que forma elas fazem o contraponto ou se tornam alternativas aos grandes projetos.
Na proposta do encontro, a organização pretende ainda fazer a eleição da nova coordenação do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido e do representante que irá integrar a Coordenação Executiva da ASA Brasil. Além disso, serão definidos os delegados para o VII Encontro Nacional da ASA Brasil (EnconASA) que terá como tema este ano “10 anos contruindo futuro e cidadania no Semiárido” e acontecerá no período de 16 a 20 de novembro, em Juazeiro (BA).
“Políticas de acesso à água e segurança alimentar e nutricional - Um diálogo entre as experiências na China e no Brasil”. Este foi o tema do Simpósio realizado dia 5 de outubro, em Brasília, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com o apoio da Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva (ABCMAC).
No período da manhã, houve uma palestra com o pesquisador Zhu Qiang, especialista em captação de água pluviais da Universidade de Tsinghua e do Departamento de Recursos Hídricos da Província de Gansu da China. O pesquisador foi um dos idealizadores do Programa “Providenciando água para uso humano e para animais”, conhecido como “1+2+1”. Seu trabalho foi referência para a elaboração do Programa Um Milhão de Cisternas, no Brasil.
Zhu Qiang iniciou sua apresentação compartilhando informações sobre a situação dos recursos hídricos na China. O país tem a sexta maior quantidade de recursos hídricos no mundo. Mas, devido à grande população, a disponibilidade de água per capita é de um quarto da média mundial. Além disso, a distribuição dos recursos hídricos é desigual, nos aspectos espaciais e temporais.
De 1988 a 1994, o Instituto de Pesquisa de Gansu para Conservação de Água (GRIWAC) iniciou, com o apoio do governo, um projeto de extensão sobre captação de água de chuva. A idéia era atender a demanda de uso doméstico e de produção.
Em 1995, uma grave seca atingiu o noroeste da China. “Milhões de pessoas e os animais estavam sob a ameaça de sede”, explicou Zhu Qiang. Com base nos resultados positivos do projeto de extensão, o governo lançou o Programa “1+2+1”, visando solucionar os problemas de consumo para a população rural na região onde não havia água disponível. O governo apoiou as famílias com o fornecimento de 1,5 tonelada de cimento para a construção de uma superfície de captação composta por telhas e pátio revestido de concreto, dois tanques de armazenamento para uso doméstico e irrigação da horta e um pedaço de terra para cultivo de hortaliças e árvores frutíferas.
“Talvez, o papel mais importante do projeto tenha sido fazer com que as pessoas reconheçam a importância da água de chuva”, avalia Qiang. As ações continuaram, na Província de Gansu. E permanecem até os dias atuais. Há razões para o sucesso do Programa: “Destacamos as atividades iniciais de investigação e demonstração, o apoio governamental e a motivação das famílias”.
Entretanto, há desafios a serem superados: os pontos fracos são o abastecimento doméstico, o monitoramento e a melhoria da qualidade da água. “Embora os agricultores tomem cuidado na limpeza da área antes da chuva, é preciso dar mais atenção à qualidade. Quanto à irrigação, problemas de gestão foram responsáveis pela baixa eficiência. Alé
Em 30 anos, o Sertão de Pernambuco pode tranformar-se num deserto inabitável, assim como diversas áreas na África. A previsão catastrófica parece exagerada, mas é feita com base em estudos científicos. "Se continuarmos a desmatar e a queimar a caatinga num processo de degradação tão intenso como o que a gente vem observando nos últimos anos, é possível que, em três décadas, tenhamos um quadro desses. É um futuro muito próximo. Estaremos vivos para testemunhar", alerta a coordenadora do Laboratório Meteorológico de Pernambuco (Lamepe), Francis Lacerda.
Isso pode soar como messianismo, roteiro de ficção científica ou conversa de ambientalista, mas não é. A previsão é feita com base numa constatação alarmante: nos últimos 60 anos, a média de temperatura aumentou 3ºC (Celsius). Muitos graus em poucos anos. "O clima não muda em questão de décadas. Muda depois de centenas e milhares de anos. Nos causou espanto ver esse aumento com valores tão significativos, em tão pouco tempo", diz Francis.
O estudo ainda não está concluído. Deve ficar pronto somente em 2010. Mas já constatou que, nas últimas seis décadas, os maiores aumentos estão nas cidades de Araripina, no Sertão, a 683 quilômetros do Recife, e em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, distante 45 quilômetros da capital pernambucana. Na primeira cidade, a temperatura máxima subiu de 33ºC para 37ºC. Já a mínima caiu de 17ºC para 16ºC. Em Vitória, a máxima pulou de 34ºC para 36,5ºC. A mínima praticamente não sofreu alterações. Ficou estável em 16,5ºC.
Esses valores não subiram de uma hora para outra, de forma abrupta. Pelas contas da coordenadora do Lamepe, o aumento foi, em média, de 0,5ºC por década. "Esses aumentos são gradativos, não aparecem da noite para o dia. Não foi um fenômeno extremo que provocou. Parece acompanhar a questão do desmatamento da caatinga no local".
Este ano, as consequências do aumento de temperatura já começaram a mostrar seus sinais. Os primeiros meses de estiagem em Pernambuco já levaram 28 municípios do Sertão e do Agreste a decretar estado de emergência. Só no Sertão, 19 cidades pediram ajuda do governo para enfrentar a falta de chuva.
O número ainda é menor que o do ano passado, quando, segundo a Coordenação de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), até o final de setembro, 39 municípios já haviam decretado estado de emergência.
Francis Lacerda - LamepeO mais assustador é que os piores meses ainda nem chegaram. Novembro e dezembro são os mais complicados no que diz respeito à estiagem. Para muitos, isso é sinônimo de falta de itens básicos para a sobrevivência. Falta água. Cerca de 80 municípios pernambucanos dependem de carros-pipa.
Não há soluções milagrosas que possam barrar o aquecimento global nessas áreas. Mas, para a pesquisadora do Lamepe, uma medida que pode melhorar o conforto térmico da região é parar o desmatamento e<
O governador Eduardo Campos, de Pernambuco, lançou em 28 de março, edital com normas e procedimentos de financiamentos para projetos de gestão ambiental e reflorestamento em áreas atingidas pela desertificação. A antiga Sudene já havia identificado áreas em Pernambuco e no Nordeste, desertificadas, denúncia, aliás muito antiga, do ecologista Vasconcellos Sobrinho autor do clássico As Regiões Naturais de Pernambuco, o Meio e a Civilização (a propósito, comemorou-se em 28 de abril de 2008, o centenário de nascimento do eminente geógrafo e ecologista). O fenômeno do aquecimento global e a preocupação que se tem com as suas conseqüências para a vida no planeta dão completa atualidade à medida do governo Eduardo Campos, que se antecipa a outros governos da região.
Os projetos a serem contemplados abrangem os municípios de Salgueiro, Cabrobó, Parnamirim, Afrânio, Ouricuri, Araripina, Petrolina, Itacuruba e Belém do São Francisco. É raro o município no Agreste e Sertão do nosso Estado que não tenha área de desertificação. Nos financiamentos incluem-se ações específicas de Prefeituras e organizações não-governamentais e serão examinados previamente pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Em 17 de junho, "Dia Mundial de Combate à Desertificação", foram examinados os projetos, cujos temas variam de controle ambiental a pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável. O problema da desertificação está intimamente ligado à gestão dos recursos hídricos no Brasil. Desde 1997, o Brasil possui uma legislação específica a " Lei das Águas" ( Lei 9433/97), que define os instrumentos de gestão indispensáveis para a regulação do setor. Incluindo planos de bacia, enquadramento dos corpos d'água, cadastro e outorga de mananciais, cobrança pelo uso, compensação à União, aos Estados e Municípios e elaboração de um Sistema de informação.
Não é fora de propósito quebrar a monotonia destas informações, com a poesia de João Climaco, de Sergipe, sobre as águas das quais o Brasil é tão pródigo: " As águas são de lágrimas, as lágrimas são de água, a água amansa a pedra, as águas são de lágrimas." Sempre entendi que o Poder Legislativo deva estabelecer parcerias com todos os seguimentos da sociedade ligados ao meio ambiente para elaborar leis destinadas a solucionar os problemas de abastecimento d' água e de preservação do meio ambiente. Só assim, legisladores e representantes de entidades da sociedade, terão condições de defender os nossos mananciais e evitar e prevenir a desertificação, que é um dos grandes desafios da humanidade nesta década e nos próximos. Vale salientar, que no meu "Projeto de visita ás nascentes dos rios pernambucanos", verifiquei uma grande destruição e degradação da mata adjacente, procurando envolver a população da região para necessidade de preservação ambiental, não só para manter as nascentes dos rios como também a sobrevivên
A transposição de prefeitos, deputados, senadores, ministros, governadores, jornalistas e presidente da República para as barrancas do Rio São Francisco, a partir desta terça-feira, mobiliza uma "Coluna Lula", articulada para deixar claro a dimensão da viagem de três dias do presidente da República por Minas, Pernambuco e Bahia. Viagem de números superlativos e de contornos nada franciscanos no cenário das sucessões presidencial e estaduais.
Os ministros serão quatro, os governadores, oito, e The Economist, Der Spiegel, Le Monde e BBC integram a comitiva de 26 jornalistas desde a segunda-feira nas beiradas do São Francisco. A "Coluna Lula" mobiliza pelo menos 150 funcionários federais, o avião reserva da Presidência, dois aviões Casa e três helicópteros. Reserva também alguma disciplina militar da Coluna Prestes.
Ainda no capítulo dos superlativos: a obra, apenas a primeira etapa de todo o projeto, teve licitados R$ 4,5 bilhões. Estimam-se até mais R$ 2 bilhões para concluí-la. Até 2025, segundo as projeções dos ministérios envolvidos, 12 milhões de pessoas serão moradores e serão atendidas na região. Somente no eixo Leste - previsto para ser entregue em 2010 - serão 4,5 milhões de atendidos. (Com base em projeção da população para 2025).
Entre quarta e sexta feira o presidente Lula dormirá nos acampamentos pernambucanos Lote 11, em Custódia (Eixo Leste), e Lote 1, em Cabrobó, Eixo Norte e o mais polêmico da obra borbulhante de polêmicas. São 8.400 trabalhadores e 4.500 máquinas, segundo Frederico Fernandes, o coordenador regional do projeto.
O acampamento nas obras do principal programa do governo no Nordeste, o de integração do Velho Chico com outras bacias hidrográficas (mais conhecido como "transposição" das águas fluviais para o semi-árido), deve mobilizar e levar aos pontos nevrálgicos os governadores de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará.
No pelotão da "Coluna Lula", a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata à presidência, Dilma Rousseff, e os ministros Geddel Vieira Lima, Franklin Martins, Carlos Minc, incluído também o comandante do Exército, general Enzo Peri, da arma responsável pela "infantaria" que iniciou a primeira etapa da transposição.
Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, integra a porção Minas do mega-acampamento. Na revoada de governadores aos canteiros, há mais do que nuances da sucessão eleitoral e do embarque na campanha governista em 2010. Parte das disputas estaduais será protagonizada pelo governador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Integração Nacional, Geddel Veira Lima. Ambos prenunciam a briga pelo governo baiano, com a expectativa de palanque duplo na Bahia.
A expedição presidencial sobrevoará cerca de 713 km, entre visitas a obras e deslocamentos do trecho Leste para Norte. Lula e "Coluna" irão a, no mínimo, sete pontos. Dois dias antes da chegada do presidente, que desembarca na quarta-feira, 26 jornalistas aterrissaram em Arcoverd
Desta vez, o palco da Romaria da Terra é a cidade de Iguatu, a 384 quilômetros de Fortaleza. Neste domingo, dia 11, serão celebrados os 25 anos de realização da romaria, com o lema ``O semiárido em romaria, por mais vida e cidadania``. Além disso, será comemorado o centenário de nascimento do bispo dom Hélder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife (PE), e do poeta popular Patativa do Assaré.
A cada edição, a romaria é realizada em uma cidade diferente. Lia Lima, secretária-executiva da Comissão Pastoral da Terra Regional, que realiza a ação, explica o porquê da escolha de Iguatu. ``É localizada no centro-sul do Estado, no semiárido cearense, onde existem grandes problemas, como a questão da terra, o acesso à água, o meio ambiente, o acesso aos direitos``.
Normalmente, a romaria é realizada no segundo semestre do ano. Em 2007, foi a vez de Fortaleza sediar a iniciativa. O público-alvo é o agricultor, mas a participação de outros trabalhadores é bem-vinda. A iniciativa também não se restringe à Igreja Católica, mas é uma celebração ecumênica, em que o principal foco é a luta pela terra e pela água de qualidade.
A romaria é um pedido de socorro, ao mesmo tempo em que se celebram sentimentos que o sertanejo conhece bem. ``Queremos resgatar a esperança, a fé, a força que há dentro de cada sertanejo. E denunciar todas as formas de injustiça e opressão que os trabalhadores sofrem``, pontua Lia. A chegada a Iguatu está prevista para este domingo, cedinho, entre 4 e 6 horas. Logo depois, começa a caminhada pela cidade.
Um dos pontos altos é a parada em frente à Catedral de São José, como forma de agradecimento ao padroeiro do Ceará, considerado patrono das chuvas do Estado. É um pedido de colheita, de fartura para os camponeses, lembra Lia. A próxima parada é no Largo da Telha, onde a população, feito ciranda, dará um abraço na lagoa, solicitando limpeza do manancial.
Como o mês é outubro e a temperatura é alta, a recomendação dos organizadores é de que os romeiros usem chapéu e não esqueçam o cantil com água ou um copo próprio. Será evitado o uso dos descartáveis, para não poluir o ambiente. Antes, quem quiser divulgar o evento pode conseguir um cartaz sobre o tema nas paróquias. É gratuito. A camisa com o tema da romaria está sendo vendida por R$ 9.
SERVIÇO
Mais informações sobre a Romaria da Terra na Comissão Pastoral da Terra Regional, pelo telefone (85) 3226 1413.
E-MAIS
> A Romaria da Terra é um evento religioso, promovido pela Comissão Pastoral da Terra.
> A primeira Romaria da Terra foi realizada em Canindé, em 1984. Desde então, já foram realizadas 13 romarias.
> Neste domingo, quando ocorre a romaria em Iguatu, a paróquia do bairro Prado acolherá os romeiros, servindo u
O debate sobre as políticas públicas e os recursos técnicos e financeiros para o Semiárido é o mote do livro “Políticas Públicas para o Semiárido – Experiências e conquistas no Nordeste do Brasil”, que será lançado na próxima terça-feira (13), às 18h, na Livraria Cultura, no Bairro do Recife.
O livro é uma publicação da Rede Macambira, conjunto de organizações não governamentais que atuam no Semiárido brasileiro na perspectiva do desenvolvimento sustentável. “Políticas Públicas para o Semiárido” pretende dar maior visibilidade aos projetos de desenvolvimento sustentável da região. Organizado por Ângela Küster e Jaime Ferré Martí, com 150 páginas, a obra reúne artigos que relatam os exemplos e a diversidade dos projetos e atividades desenvolvidas por algumas entidades, que compõem a Rede Macambira.
SERVIÇO
Lançamento do Livro “Políticas Públicas para o Semiárido”
Local: Livraria Cultura, Bairro do Recife
Data: Terça-feira, 13 de Outubro às 18h
Todo ano, milhares de homens deixam o Jequitinhonha para cortar cana no centro-sul do Brasil. Só de Araçuaí (MG), cerca de 8 mil pessoas deixam suas casas em busca de trabalho: quase 1/4 da população.
Na última parte da nossa reportagem, acompanhamos o trabalho do Centro de Cultura Popular e Desenvolvimento (CPCD) para criar uma alternativa de renda na região: a produção de alimentos sem agredir o meio ambiente.
O agricultor Celso Silva já foi cortador de cana. Hoje, tem uma vida totalmente diferente. Ele é o responsável pelo Sítio Maravilha, uma área que funciona como modelo de cultivo sustentável no sistema de permacultura.
“Permacultura é uma cultura permanente. A primeira coisa que eu aprendi foi respeitar a natureza, por saber que ela faz parte da nossa vida e que nós não conseguimos viver sem ela”, diz. Lá, a horta mais parece um jardim. Todos os canteiros são feitos em formato circular, no sistema de mandala.
“A primeira vantagem do canteiro mandala é que, quando você faz o círculo, você está causando um microclima. Você não tem toda a força do vento, você diminui a questão da evaporação da umidade, diminui a luminosidade do sol. Então, fica um pequeno ambiente mais frio, por exemplo. A terra mudou bastante. Antes, ela era compactada e, hoje, você pode ver que é uma terra totalmente fértil. Eu sinto que é um pedaço de mim, eu sou parte desse solo”, conta o agricultor.
Além de hortaliças, o sítio também produz mudas de árvores nativas que vão arborizar o sítio e as comunidades rurais.
Uma novidade no Sítio Maravilha é o banheiro compostável. A pessoa entra, senta no trono e, na hora de dar a descarga, cadê? A descarga é diferente. É um punhado de serragem que deve ser jogado por cima dos dejetos. Tudo vai ficar depositado atrás do banheiro, em um tambor.
Quando ele estiver bem cheio, é retirado, tampado e deixado seis meses sob o sol. “Se você usar direitinho, não vai dar mau cheiro. Isso vai ser juntado a outros materiais, por exemplo, esterco de vacas dos currais, bagaço de cana de açúcar, para formar, de fato, o composto. Ele é usado nos pomares, por exemplo, de feijão, milho. Não deve ser usado diretamente nas hortaliças, porque ainda ficam adubos velhos”, explica Celso.
O banheiro, as mandalas. É tudo sabedoria que ajuda o sertanejo a conviver com sua maior dificuldade: a falta de água.
“Aqui no semi-árido, uma casa sustentável tem que ter um quite de sustentabilidade. Um banheiro de compostagem, hortas de mandala que façam o máximo de aproveitamento da água, o
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará esta semana uma vistoria nas obras de revitalização do Rio São Francisco. Em seu programa de rádio, Café com o Presidente, Lula disse que o projeto de revitalização é fundamental para o país porque, além de recuperar as matas nas margens e proximidades do rio, vai permitir que se leve água a milhões de pessoas.
“Esse canal, na verdade, vai levar água para mais de 12 milhões de pessoas nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará, que são as pessoas que vivem o drama da seca mais forte do que qualquer outro cidadão brasileiro”, disse.
A revitalização do São Francisco vai custar mais de R$ 6 bilhões. A meta é concluir parte dela já no ano que vem e outra em 2012. “É uma coisa secular e nós achamos que é importante levar água (a essa população). E essa água vai perenizar alguns rios existentes e, ao mesmo tempo, manter os açudes num nível de água para que a gente possa fomentar a pequena agricultura, irrigação em muitos estados da federação”, afirmou.
O senador Marco Maciel (DEM) mostra-se preocupado com as questões ambientais e trabalha pela aprovação da PEC que assegura proteção à caatinga. "Precisamos mudar essa situação, pois o semiárido nordestino pode perder dez por cento de seus já escassos recursos", afirma.
A fome afeta atualmente 1,02 bilhão de pessoas, quase um sexto da população mundial, segundo um relatório da FAO, a agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação, divulgado nesta quarta-feira em Roma por ocasião da Semana Mundial da Alimentação.
"Nenhuma nação está livre e, como sempre, são os países mais pobres - e as populações mais desprotegidas - os que mais sofrem", lamenta Jacques Diouf, diretor geral da FAO, em um informe realizado em conjunto com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e apresentado às vésperas do Dia Mundial da Alimentação, na próxima sexta-feira.
A maior parte das pessoas desnutridas se encontra na região Ásia-Pacífico (642 milhões), seguida da África subsaariana (265 milhões), América Latina (53 milhões) e da região que compreende o Oriente Médio e o norte da África (42 milhões).
Nos países desenvolvidos, 15 milhões de pessoas sofrem com a fome.Durante esta semana, 300 especialistas se reúnem em Roma, sede da FAO, para debater o tema "Como alimentar o mundo em 2050". A população mundial passará de 6,8 bilhões de pessoas atualmente a 9,1 bilhões em 2050, segundo as projeções mais recentes da ONU.
Na quinta-feira, Diouf apresentará o que chamou de "caixa de ferramentas" para ajudar os países a implementar programas de luta contra a fome. Na sexta-feira, durante o dia batizado de "Alcançar a segurança alimentar em tempos de crise", cinco novos embaixadores da boa vontade serão nomeados: o múltiplo medalhista de ouro olímpico americano Carl Lewis, o estilista francês Pierre Cardin, o jogador de futebol francês Patrick Vieira e as cantoras Anggun, da Indonésia, e Fanny Lu, da Colômbia.
De 16 a 18 de novembro, Roma receberá uma reunião mundial sobre a segurança alimentar. O Papa Bento XVI já confirmou presença na abertura do evento.
Entidades que se opõem à transposição das águas do rio São Francisco consideram uma "provocação barata" a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje, pelo município de Barra (BA), onde vive o bispo Luiz Flávio Cappio, protagonista de duas greves de fome em protesto contra a obra, em 2005 e 2007.
"É uma provocação barata", disse o frei carmelita Gilvander Luís Moreira, integrante da Articulação Popular de Defesa do Rio São Francisco, entidade que reúne cerca de 700 organizações e movimentos contrários ao projeto de transposição.
"O bispo deixou uma vida tranquila em São Paulo para optar pelos pobres, enquanto Lula saiu da pobreza do Nordeste para optar pelos ricos", afirmou Moreira, que também é assessor da CPT (Comissão Pastoral da Terra) em Minas Gerais e atuou na divulgação dos protestos de Cappio durante as greves de fome.
Em Barra, Lula visitará obras de revitalização do rio São Francisco. Cappio e o presidente, porém, não deverão se encontrar. O religioso participa há uma semana de encontro com lideranças católicas da região em Barreiras (BA) e só deverá retornar à cidade no dia 18.
Mesmo sem a presença do bispo, o frei não descarta a possibilidade de haver protestos contra a transposição durante a visita presidencial. "Manifestações são naturais, mas a agenda dos movimentos sociais não anda a reboque da de Lula", declarou Moreira.
Para ele, as greves de fome "amaldiçoaram" o projeto, e "quanto mais a obra avançar, mais sertanejos serão prejudicados e se unirão contra ela". "O próprio andamento da obra irá inviabilizá-la", afirmou.
No campo jurídico, disse o frei, a esperança de paralisar novamente os trabalhos está na mobilização dos índios da região, que questionam a passagem dos canais por supostos territórios indígenas.
Além da revitalização do rio São Francisco, os grupos contrários à transposição querem que o governo federal utilize os recursos do projeto na construção de pequenas obras hídricas em todo o semiárido.
Diversos protestos já foram realizados, mas as manifestações mais radicais foram as greves de fome feitas por Cappio. Em 2005, ele permaneceu em jejum de 26 de setembro a 5 de outubro, em Cabrobó (PE). No final de 2007, ele repetiu o protesto, dessa vez por 23 dias, no município de Sobradinho (BA).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz sua sexta vista a Pernambuco este ano com dois presidenciáveis a tiracolo. Com alto índice de popularidade no Nordeste, o petista desfilará, desta vez, por três dias no Sertão, na companhia da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), sua preferida à sucessão de 2010, e do deputado federal Ciro Gomes, nome do PSB à Presidência e opção governista para a disputa em São Paulo. A comitiva inclui ainda oito ministros e seis governadores, entre eles Eduardo Campos (PSB-PE).
O grupo vai vistoriar as obras da transposição do Rio São Francisco em três Estados. A viagem começa por Minas Gerais, segue pela Bahia e chega, às 17h de hoje, a Pernambuco. Serão visitados canteiros de obras em Custodia, Sertânia, Floresta, Cabrobó e Salgueiro. A comitiva visitará seis trechos das obras e dormirá duas noites em acampamentos do Exército, no Sertão de Pernambuco. É a primeira vez que Dilma e Ciro estarão juntos como presidenciáveis no Estado. Isso ocorre em um momento que o candidato do PSB desponta na frente da ministra, em pesquisas de intenção de voto. E em um momento também muito delicado na relação PT-PSB. Os dois partidos divergem na estratégia para a sucessão presidencial e sobre o futuro político de Ciro.
Enquanto o PT prega a candidatura única (de Dilma), o PSB aposta que Ciro no páreo aumenta as chances de vitória governista em 2010. Para completar, Ciro mudou, a contragosto dele e de uma ala petista, o domicílio eleitoral para São Paulo, caso precise acionar o plano B: trocar a disputa pelo Planalto e encarar a do governo paulista.
Anfitrião desta nova vista presidencial, o governador Eduardo Campos tem estimulado o projeto Ciro presidente, mesmo ciente de que Lula prefere todos com Dilma e contra um - possivelmente o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). No máximo, Ciro seria, nos planos de Lula, o vice na chapa de Dilma. Mas a vaga deve ficar mesmo com o PMDB. E com Ciro propagando publicamente que é sim candidato, o cenário, hoje, se desenha fora dos planos do comandante.
A expectativa em torno dos discursos dos principais atores destes três dias de viagem pelo Sertão é, portanto, natural. Ex-ministro da Integração Nacional e um dos principais articuladores e defensores do projeto de revitalização do São Francisco, Ciro pode ter direito a voz e vez. Já Dilma tem vaga garantida no rol dos que discursam nos eventos do presidente, sob o argumento de que é a “mãe do PAC”. O projeto da transposição está orçado em mais de R$ 6 bilhões e é um dos mais vultosos do Plano de Aceleração do Crescimento (para onde escoa a maior parte dos programas do governo).
Uma das críticas mais contundentes da oposição, que julga o PAC eleitoreiro, é que tudo hoje tem o “dedo” desse plano. Além de tentar acelerar o projeto Dilma 2010, testando a popularidade da pupila, Lula quer mostrar que as obras estão andando, após paralisações decorrentes de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) e outras polêmicas.
Nesta maratona, Lula também terá o palanque dividido em n&
Esses dias uma caravana formada por Lula, Dilma e Geddel Vieira Lima estará percorrendo algumas áreas do São Francisco. São lugares especialmente selecionados para a visita do presidente. Ele já quis visitar a área várias vezes e, por falta do que ver, várias vezes sua viagem foi adiada.
Levarão Lula para ver uma reconstituição das matas ciliares do Velho Chico. Algumas árvores plantadas em espaço de 100 km. Claro, na região da Barra, diocese de Frei Luís. Não mais do que a Reserva Extrativista de Serra do Ramalho já fez há muitos anos com extraordinária competência. Algumas árvores plantadas não significam a recomposição das ciliares. O São Francisco tem apenas 5% de suas matas originais. Além do mais, a devastação promovida no Oeste Baiano pelo agronegócio anula qualquer esforço na calha do rio. Os afluentes continuam morrendo, o aqüífero Urucuia continua perdendo forças. O rio sobrevive da água de chuva.
Quanto ao saneamento, o governo tem investido na região. Tomara que as obras se concluam com qualidade, não só coletando os esgotos e jogando-os no rio, mas tratando-os como prevê o figurino do saneamento ambiental. Por enquanto, não dá para garantir que as obras seguirão os parâmetros do saneamento ambiental.
Porém, revitalizar um rio é muito mais que repor matas e sanear águas. O problema do São Francisco é o modelo de desenvolvimento que o devora. Todo esforço será anulado se as grandes e predadoras obras prosseguirem. É remendo novo em pano velho, de forma que o buraco se torna maior que antes.
Quanto à transposição, o governo diz que as obras já chegaram a 15% em média. Vamos entregar de bandeja que seja verdade, mesmo assim é muito pouco para oito anos de governo. Mesmo com três turnos de trabalho, se os Paraibanos dependessem efetivamente das águas do São Francisco para matar sua sede, já teriam morrido.
Agora a frente paraibana de prefeitos desistiu da transposição. A Agência Nacional de Águas (ANA) suspendeu provisoriamente a transposição para a Paraíba. É que a transposição prevê apenas a transferência de águas do São Francisco para outras bacias, não a sua distribuição pelas adutoras quando depois de transpostas. Os prefeitos, prevendo o custo que não conseguem arcar, desistiram. Então, a ANA suspendeu a Paraíba até que providencie o que lhe cabe.
Serra também andou aqui. Veio ver a situação do povo que vive na beira do São Francisco. Óbvio, tem finalidade eleitoral. Portanto, o São Francisco vai estar no debate eleitoral do ano que vem. Lula tem o que mostrar? Talvez outro tivesse vergonha de mostrar nos tempos atuais uma obra predadora como essa. Entretanto, até essa vergonha está difícil de visualizar.
Para além do marketing eleitoral, enquanto sociedade civil, vamos continuar lutando pela verdadeira revitalização do São Francisco, pela democratização da água no Nordeste através das adutoras e da captação da água de chuva, para<
As seis propostas fazem parte de um plano considerado "ousadíssimo" pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e que só sairá do papel caso os países mais ricos se comprometam a injetar dinheiro no Fundo Internacional de Mudanças Climáticas.
A meta brasileira é diminuir em 40% o lançamento de gás carbônico, reduzindo, até 2020, de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 por ano para cerca de 1,6 bilhão. A primeira tarefa do ministro é convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que irá representar o país na convenção, da importância das propostas. Depois, será a vez de Lula provar que, sem os recursos internacionais, não há como garantir o sucesso e a continuidade dos programas. O governo brasileiro é membro do Grupo dos 77, composto por países em desenvolvimento, e defende que nações ricas contribuam com algo entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB) anual para a manutenção dos fundos.
"Parte do esforço (20%) será feita com nossas próprias pernas. Os outros 20%, com recursos dos fundos destinados a iniciativas de contenção à emissão de CO2", afirmou ontem o ministro, referindo-se também ao projeto brasileiro que destina 6% dos royalties do petróleo ao Fundo Nacional de Mudanças Climáticas - a proposta está no Congresso. "Ainda existe um grande abismo entre a posição dos países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento. Vários estados desenvolvidos não definiram suas metas ainda. O Brasil terá a meta mais ousada entre os países significativos em desenvolvimento e, assim, poderá ser uma ponte para evitar o fracasso no tratado de Copenhague", destacou Minc, ressaltando, por exemplo, a posição da China e da Índia, que já anunciaram que vão aumentar a emissão de gases nos próximos anos. Temendo o fracasso da reunião mundial, Minc viajou ontem a Barcelona, na Espanha, para uma reunião de emergência convocada pelo governo da Dinamarca.
Amazônia - O desmatamento da Amazônia é o maior responsável pela emissão de CO2 no Brasil. A meta de redução é de 80%. A ex-ministra do Meio Ambiente e atual senadora Marina Silva (PV-AC) defendeu que o desmatamento chegasse a zero. Minc disse que é preciso ser mais realista: "Para o ano que vem, quero fome zero, analfabetismo zero e desmatamento zero no Brasil. Entre a intenção e o gesto, precisamos ser menos propagandistas e mais realistas", afirmou.
Saiba Mais<
O nome é convidativo. Chama-se "terra de misericórdia", qualquer um pode entrar. Localizado no alto de uma serra em Arcoverde, no Sertão do estado, o mesmo santuário onde os católicos buscam respostas para mistérios e fazem preces a Deus por graças recebidas, é o lugar de redenção para 552 famílias de agricultores.
Ali, vários trabalhadores rurais não só ouvem a palavra do Evangelho, como a praticam dia a dia, compartilhando o pão e o aprendizado. Nos sítios levantados ao redor do espaço religioso, também conhecido como Centro de Educação e Desenvolvimento Comunitário (Cedec), ainda pode até haver pobreza, mas sem fome e miséria.
Nas terras ao redor do Cedec não falta água, nem trabalho. Sobram fé e disposição para se mudar a dura realidade sertaneja. É nessas imediações que se desenvolvem vários projetos sociais de inclusão digital, apicultura, caprinocultura, agricultura sem agrotóxicos, cultivo de flores, construção de cisternas e criação de animais de pequeno porte.Tudo sob a liderança do padre Adilson Carlos Simões, 60 anos. Lá, a maioria dos homens e mulheres aprendeu a cuidar da terra e a sobreviver sem ajuda de programas assistencialistas, como bolsa-família e carros-pipas. Uma libertação para eles. Tanto do corpo quanto do espírito. Por mais simples que seja a casa de um agricultor dos sítios, não falta comida, nem oração.
Reconhecido como espaço de oração e instituição social, o Cedec começou a resgatar sonhos, priorizando ações educativas e a organização popular, sem deixar de se inspirar em Cristo. A entidade é voltada para a promoção humana de comunidades pobres, com foco no desenvolvimento sustentável e na valorização da vida. Um projeto que deu os primeiros passos ainda em 2000, mas já ganhou maturidade este ano. "Chamamos esse lugar de terra de misericórdia, porque Deus não tem nome, é inominável. Misericórdia é o coração que se compadece do ser humano. Por isso, educamos aqui para a solidariedade e partilha", ressaltou o padre.
Segundo Adilson Simões, o Cedec também recebe apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento para ajudar a libertar as pessoas; dos outros e de si mesmas. Mas ele acrescentou que, durante todo processo de construção da independência, sempre leva em conta o livre arbítrio, como faz Jesus Cristo. "Instalamos 555 cisternas só no primeiro semestre, mas só construímos nos sítios onde as pessoas querem se comprometer, cuidar da terra onde vivem. Acredite: existem aqueles que preferem dizer: 'não precisamos de cisterna, padre Adilson. A gente tem um vereador que manda carro-pipa para cá'", contou.
O padre explicou que, atualmente, seis comunidades fazem parte dos projetos sociais: Caraíbas, Fundão, Mocó, Pedra de Fogo, Pintada e Olhos D`água. A metodologia usada para qualificar o homem do campo é simples, participativa, envolve a discussão dos problemas, a análise deles e a busca de soluções com apoio de técnicos. Tudo que é desenvolvido é monitorado e debatido em assembleias periódicas e cada comunidade tem um representante. "Havia vários me
O Fundo das Nações Unidas para a Criança (Unicef) prorrogou para a próxima sexta-feira, 13, o prazo para adesão ao Selo Unicef — Município Aprovado Edição 2009/2012. A proposta partiu dos Comitês Estaduais e resultou da V Reunião do Pacto Um Mundo para a Criança e o Adolescente do Semiárido, encerrada nesta sexta-feira (6), em Natal (RN).
A reivindicação se deu em razão da greve dos Correios, do curto prazo entre o lançamento da nova edição do Selo nos Estados e da dificuldade de articulação com os prefeitos recém nomeados. Segundo foi constatado na reunião, os gestores ainda não conhecem bem a metodologia desenvolvida pelo Unicef, que visa à integração entre gestores públicos e sociedade para a melhoria dos indicadores de desenvolvimento social das crianças e dos adolescentes.
Em Alagoas, 43 municípios já se inscreveram, entretanto a coordenadora do Comitê no Estado, Juliana Vergetti, reforçou a convocação feita pelo governador Teotonio Vilela, para que todos os 72 municípios, que atendem aos pré-requisitos para a inscrição, realizem a adesão em prol da qualidade de vida e da garantia dos direitos do público infanto-juvenil, para contribuir com a redução da mortalidade infantil.
O adolescente André, de Natal, representou a categoria na abertura do evento, que contou com a presença da governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Farias. Segundo Wilma, para transformar o futuro, é preciso ações concretas no presente e, apesar das dificuldades, o Estado vem melhorando nas ações que beneficiam crianças e adolescentes.
Representantes da Casa Civil apresentaram a articulação entre o Pacto Nacional e o Programa Territórios da Cidadania. Na reunião, também estiveram presentes representantes do governo federal, dos Ministérios de Desenvolvimento Social, da Educação e da Saúde, da Agência Nacional de Águas (ANA), dos Comitês Estaduais, do Unicef e de organizações não gorvenamentais.
A representante do Unicef, Maria Salete da Silva, divulgou mais uma vitória das crianças e adolescentes: a aprovação, pelo Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que garante mais R$ 9 bilhões para o orçamento da educação.A proposta assegura ainda pré-escola e ensino médio, para a faixa etária dos 4 aos 17 anos, já que até então apenas o ensino fundamental é obrigatório (dos 6 aos 14 anos).
As redes municipais e estaduais terão até 2016 para implementar esta mudança gradualmente. Entre a programação, esteve o I Seminário A Voz do Adolescente do Semiárido, com a participação da delegação de adolescentes de dez dos onze estados da região. O Estado de Alagoas foi representado por cinco adolescentes de diferentes municípios: Dayane dos Santos (Taquarana), João Marcos Ramos Novais (Monteirópolis), Johnny Pereira Gomes (Lagoas da Canoa), Maria Mariana Profírio Carneiro de Albuquerque (Maceió) e Matheus Profírio Carneiro de Albuquerque (União dos Palmares).
Ato faz parte das comemorações dos 10 anos da Asa; durante o evento também será entregue ao Governo do Estado o Programa Estadual de Convivência com o Semiárido
Aproximadamente dois mil agricultores representantes de organizações da sociedade civil e do poder público estadual e municipal vão tomar as ruas de Cruaru, no Agreste, nesta quinta-feira (5). Eles vão participar da Caminhada das Águas e do Ato de Celebração, em comemoração aos 10 anos da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa).
Durante o evento, que tem como tema ‘Asa - 10 anos construindo futuro e cidadania no Semiárido’, representantes da articulação estadual da Asa vão entregar ao Governo do Estado o Programa Estadual de Convivência com o Semiárido, construído a partir das experiências que estão sendo desenvolvidas no Semiárido pernambucano para melhoria da qualidade de vida das famílias da região.
O ato faz parte do Encontro Estadual da Asa-PE, que está sendo realizado desde a terça-feira (3) em Caruaru. Outras informações podem ser obtidas pela página da Asa-PE (www.asapernambuco.blogspot.com).
Pernambuco tem a menor oferta de água do Brasil. A disponibilidade de recursos hídricos no Estado, de 1.320 metros cúbicos por habitante/ano, está abaixo do que é considerado crítico pela Organização das Nações Unidas (ONU), 1.500 metros cúbicos por habitante/ano, segundo a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos. O problema é agravado pelo alto índice de perdas da produção. E essa união de fatores deixa em alerta a população e o poder público.
Segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), 57% da água produzida é perdida em vazamentos, furtos e subtarifação. Só no Grande Recife, por mês, são localizados sete mil vazamentos. O uso doméstico, embora represente 20% do consumo total no Brasil, atrás da agricultura, que utiliza 70% da água, é um dos vilões. Atitudes como lavar a calçada com mangueira e deixar chuveiros abertos ao se ensaboar consomem, respectivamente, 279 litros e 135 litros em 15 minutos. Ações que algumas pessoas já tiraram da rotina.
O consumo racional de água guia a médica Márcia Guedes, que mora com o marido e dois filhos adultos e um adolescente. Ela adota medidas como juntar toda a roupa para lavar de uma só vez e evitar usar mangueira para lavar o carro. “Apesar da água do condomínio onde moro não ser separada por apartamentos, evitamos gastos desnecessários. O meio ambiente agradece”, diz.
O mesmo ponto de vista norteia Cláudio Mendes, proprietário de um lava-jato na Zona Norte do Recife, que implantou um sistema de reciclagem de água no estabelecimento. A água usada na lavagem dos carros passa por um tratamento no local e é reutilizado para limpar a parte inferior dos veículos. “Apesar de usarmos água de poço artesiano próprio, a questão ambiental é muito importante e por isso investimos”, completou.
Outro fator de preocupação com relação a crescente demanda por água é a chegada de grandes indústrias ao Estado. “Se hoje, já não há oferta suficiente, essas fábricas consumirão o que seria destinado à população. Somando isso ao alto índice de desmatamentos, que prejudica a absorção de água da chuva e renovação de lençóis freáticos, e a poluição das águas, vê-se que o estado trilha o caminho do colapso”, defende o coordenador-executivo da Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan), Alexandre Araújo.
Consciente do déficit, a estratégia do governo é trazer água a partir da transposição do Rio São Francisco com a Adutora do Agreste. A região é a que apresenta menor oferta de água em Pernambuco: 819 metros cúbicos por habitante/ano. Segundo o secretário-executivo da Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco, José Almir Cirilo, 1.100 quilômetros de adutoras captarão água para 70 municípios. A previsão é que as obras comecem no ano que vem. “A questão da água é crucial para o desenvolvimento do Estado.
Com essas medidas, aliadas às de reduç
Setenta por cento da água consumida no planeta se destinam à agricultura. Por conta da crescente demanda por alimento, segundo a ONU, até 2050, haverá um colapso hídrico. Na África, em 12 anos, entre 75 e 250 milhões sofrerão com sede e em alguns países a produção de alimentos diminuirá 50%. A disponibilidade de água, no Agreste de Pernambuco, é de 819 m³/hab/ano, quando 1.500 m³/hab/ano é considerada crítica pela ONU.
Quase três em cada quatro municípios do semiárido estão sob risco de desabastecimento de água em suas zonas urbanas. Para resolver isso até 2025 será necessário investir pelo menos R$ 9,2 bilhões, perto do dobro do orçamento previsto para a obra de transposição de parte das águas do rio São Francisco.
Essa fotografia das sedes dos municípios (que exclui as zonas rurais) aparece na atualização do Atlas Nordeste, da ANA (Agência Nacional de Águas), e reabre o debate sobre quais políticas públicas são necessárias para solucionar a falta de acesso à água, além dos investimentos bilionários com a revitalização (R$ 1,5 bilhão) e a transposição do rio (R$ 5,5 bilhões).
Esses dados, obtidos pela Folha, serão publicados ainda neste ano num novo atlas. Técnicos da agência estudaram 1.892 municípios e identificaram uma realidade crítica em 1.378 deles (73% do total).
O foco do estudo é o semiárido, região castigada por seguidas estiagens que abrange Estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais. Quando fala em risco de desabastecimento, a ANA aponta que essas cidades, caso não se mexam agora com projetos e investimentos, terão um quadro crítico de abastecimento d'água até 2025.
Problemas
Há dois problemas: falta de oferta de água (mananciais distantes ou com estoque reduzido) e falta de infraestrutura para transportar a água (instalação de adutoras e estações de tratamento). Na prática, o risco é o de que a água dos mananciais não chegue em quantidade suficiente às zonas urbanas.
Para o diretor-presidente da ANA, José Machado, a situação é "preocupante". Ele alerta que a transposição, por si só, não resolverá todos os problemas do semiárido. "Esse é um grande desafio que precisa ser enfrentado. Existem obras complementares à transposição que precisam ser feitas nos Estados, pois, sem isso, sem um sistema de gestão, corremos o risco de não fazer o uso eficiente dessa água [da transposição]".
Em relação à edição de 2006, o novo Atlas tem como novidade a avaliação dos municípios com menos de 5.000 habitantes, excluídos daquele levantamento, quando a média das localidades urbanas sob risco crítico também ficou em 73%.
"Esses dados são importantes nessa disputa sobre o destino das águas nordestinas. Qual é o destino que você dá pra essas águas? Falta uma decisão política para investir no abastecimento humano em primeiro lugar", diz Roberto Malvezzi, pesquisador da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entidade contrária à transposição, obra que levará água por meio de dois canais para abastecer reservatórios de quatro Estados (CE, RN, PB e PE).
Nem todos os municípios serão atendidos pela obra. Por isso, para os isolados, que hoje dependem de cisternas, carros-pipa e poços, são necessárias as chamadas "transposições internas", que ligam um reservatório a outro por meio de adutoras. "Não ad
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmaram ontem, ao participarem de diferentes eventos em Brasília e no Rio, que o Brasil assumirá um compromisso "firme" e "político sério" de redução das emissões de gases-estufa.
O governo federal, porém, ainda não divulgou qual proposta será levada à conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas em Copenhague, em dezembro. A ministra disse a definição depende de reuniões que ocorrerão nos próximos dias, entre elas, um encontro sábado marcado pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada.
Na segunda-feira, Dilma afirmou que o país terá um "objetivo voluntário" de redução. Segundo Minc, a proposta brasileira será "como se fosse realmente uma meta". Ele confirmou que o percentual de redução das emissões ficará entre 38% e 42% e que os cortes vão ser definidos por setor.
"O que é objetivo firme com números definidos se não é uma meta? São como se fossem realmente metas", afirmou o ministro, após participar de um seminário sobre políticas públicas e mudanças climáticas, organizado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
A ministra, no Rio, tentou esclarecer: "Não estamos falando em meta. País em desenvolvimento não tem meta. O que temos é um compromisso voluntário de redução porque isso é uma questão política séria".
Segundo Dilma, o Brasil fará "um gesto político" que legitima o país como "nação comprometida com sustentabilidade". "Vamos dizer: "Ó, não temos meta porque não estamos na lista [de países desenvolvidos], mas vamos reduzir em tanto e gostaríamos que os senhores reduzissem também"."
"Sejam elas metas ou apenas um objetivo, isso é igualmente vinculante", afirmou a senadora e ex-ministra Marina Silva (PV-AC), também presente no seminário do TCU.
Lula, ao discursar em evento em São Paulo, citou a questão ambiental e repetiu cobranças aos países desenvolvidos.
"Como é que a gente vai discutir essa questão do clima com seriedade se a gente vai ter em Copenhague uma reunião e, pelo que eu estou sabendo, os grandes líderes não vão?", perguntou. "Na hora de assinar os protocolos, todo mundo assina qualquer coisa. Na hora de cumprir, pão, pão, queijo, queijo, ninguém quer abrir mão do seus hábitos e costumes."
O Planalto não confirma se Lula vai a Copenhague. Dilma vai chefiar a delegação brasileira. Entre os líderes mundiais, já confirmaram presença o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que só irá a Copenhague se sua presença for o "fiel da balança".
São Paulo
Um dia depois de elogiar o governo de São Paulo pelo lançamento de metas de redução de emissões, Dilma afirmou que a proposta do governa
ROMA – O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, pediu às pessoas por todo o mundo que se unam a ele em um dia de greve de fome. O gesto pretende chamar a atenção para o sofrimento dos desnutridos, que já passam de um bilhão por causa da crise econômica global.
Diouf disse ontem esperar que isso encoraje ações de líderes globais, que participarão de um encontro de três dias na sede da agência a partir da próxima segunda-feira. Ao apresentar os objetivos do encontro à imprensa, ele convocou “um dia global de greve de fome”, para mostrar solidariedade aos famintos de todo o mundo.
Jacques Diouf informou que começará o jejum de 24 horas na manhã de sábado. A agência também lançou um abaixo-assinado virtual contra a fome.
A instituição sediada em Roma anunciou mais cedo que a fome afeta agora um recorde de 1,02 bilhão de pessoas – um em cada seis seres humanos em todo mundo. A crise financeira, os altos preços dos alimentos, secas e guerras são apontados como culpados pelo problema.
Diouf elogiou países como Brasil, Nigéria e Vietnã, que segundo ele têm investido nos pequenos proprietários e nos pobres do campo em geral, revertendo a tendência de fome. Ele disse que essas nações fazem parte de um grupo de 31 países que estão no caminho certo para cumprir as metas estabelecidas por líderes mundiais há nove anos, de cortar pela metade o número de famintos até 2015. “Erradicar a fome não é um sonho impossível”, garantiu. “A batalha contra a fome pode ser ganha”, acrescentou.
A FAO prevê que a produção global de comida terá que crescer em 70%, para alimentar a população mundial em 2050, que deve ser de 9,1 bilhões. Para isso, os países pobres precisarão de US$ 44 bilhões em auxílio anual para a agricultura, ante US$ 7,9 bilhões fornecidos hoje. O dinheiro deve ser usado para sistemas de irrigação, maquinário mais moderno, sementes e fertilizantes, além de rodovias e treinamento de pessoal.
DESNUTRIÇÃO
Mais da metade das crianças cronicamente desnutridas no mundo, abaixo da idade de 5 anos, vive no sul da Ásia, de acordo com relatório das Nações Unidas divulgado na Índia ontem.
Esses garotos e garotas são mais frágeis e propensos a sofrer infecções sérias e morrer, além de mais suscetíveis a doenças comuns como diarreia, pneumonia e malária, informou o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A desnutrição prejudica a habilidade de aprendizagem das crianças e leva a um baixo quociente de inteligência (QI), conforme o relatório.
A Unicef apontou que mais de 40% das crianças abaixo de 5 anos estão desnutridas no Afeganistão, Nepal, Índia, Bangladesh e Paquistão, os cinco países mais atingidos pelo problema.
Cerca de 83 milhões de crianças com menos de 5 anos nesses países não recebem alimentos suficie
Um problema que atinge milhões de meninos e meninas no mundo todo, fruto da falta de fiscalização, combate ineficiente e da desinformação da sociedade. O drama da exploração sexual infanto-juvenil é tema de primeira mão do Futura, em ações de mobilização social. Agora, o assunto chega à TV em uma iniciativa inédita, fruto da parceria entre o Canal e a ong Childhood Brasil (WCF-Brasil). É a série de animação Que Exploração é Essa?, que estreia dia 15 de novembro.
Produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, a série de cinco episódios cria um mundo de bonecos animados que, em uma viagem pelo país, flagram situações de prostituição, abuso de poder e aliciamento de menores. Os protagonistas, um pai caminhoneiro e seu filho adolescente, fazem uma viagem juntos em que cada parada, seja no restaurante, no hotel, na praia ou no cybercafé, revela exemplos de como a exploração pode acontecer. A trama de ficção é intercalada com depoimentos de especialistas e autoridades que falam sobre a real gravidade do problema e da importância de enfrentá-lo coletivamente a partir da sensibilização da sociedade como um todo.
O projeto é resultado de uma longa trajetória de pesquisa e parcerias realizadas pela mobilização comunitária do Canal. Há dois anos, a equipe do Futura acompanha o trabalho da sociedade civil sobre o tema, em fóruns, debates e eventos. Depois de levar a questão para o jornalismo, o desafio do Futura foi produzir um programa que abordasse a exploração sexual infanto-juvenil de forma inovadora, capaz de transformar perspectivas, falas, textos e concepções.
Um mundo de bonecos
Camilla Gonzatto, diretora do programa, ressalta o desafio de tratar de forma lúdica um assunto tão sério: “Nosso empenho foi para que os programas não ficassem pesados e também as crianças pudessem assistir. Para criar um verdadeiro mundo de bonecos usamos algumas técnicas, como manter um enquadramento de câmera que simulasse atores reais”, revela Gonzatto. “Pontuar momentos mais leves e divertidos, com depoimentos sérios, também foi uma forma de garantir uma narrativa adequada ao público”, conclui.
A cada episódio, uma situação diferente se desenrola no percurso dos personagens. Zé Dassilva, roteirista do programa, conta que esta foi a forma encontrada para mostrar os diferentes tipos de exploração infantil: “Queríamos trazer o problema para o âmbito do turismo, da internet, da beira das estradas e dos ambientes urbanos”, revela.
Escolhas pensadas
Também a escolha dos personagens - um pai com seu filho - reflete a importância do papel das famílias no assunto. “O pai é o homem mais vivido, que vai passar sua experiência para o menino, em fase de descobrir o mundo”, conta Dassilva. A exceção fica por conta do episódio do cybercafé, em que os dois param para enviar uma foto pelo computador e o garoto vivencia a pedofilia através de um site de relacionamentos. “Quando o assunto é internet, é o filho que ensina ao pai, ao mostrar que o proble
O Brasil saiu da retranca. Após semanas de uma guerra interna no governo, o país anunciou ontem que reduzirá de 36,1% a 38,9% de suas emissões de gás carbônico até 2020, em relação ao que emitiria se nada fosse feito. O compromisso será apresentado na conferência do clima de Copenhague, em dezembro.
Trata-se de um desvio de até 1,052 bilhão de toneladas de CO2 em relação ao cenário tendencial para 2020, que prevê emissões de 2,7 bilhões de toneladas. Em relação a 2005, o ano de pico das emissões brasileiras, é um corte de 15%.
"São ações quantificáveis, reportáveis e passíveis de verificação, que nós estamos assumindo de forma voluntária", disse a jornalistas a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). O governo agora vai realizar uma série de reuniões para definir o custo das ações e a data em que elas serão implementadas.
A meta brasileira, chamada por Dilma e Carlos Minc (Meio Ambiente) de "a ação de mitigação mais forte dos países em desenvolvimento", pode destravar as negociações do novo acordo internacional de combate ao aquecimento global, que ameaçam naufragar.
O Brasil, quinto maior emissor de carbono, vinha sendo cobrado por países ricos e pela ONU para pôr um número na mesa. Ao fazê-lo, deve constranger os ricos a elevarem suas metas de corte de emissões -hoje elas são insuficientes para impedir um aquecimento perigoso da Terra.
Minc havia proposto um corte de 40% em 2020 em relação ao cenário tendencial (o chamado "business as usual"). Alguns setores do governo, no entanto, vinham resistindo a adotar metas de redução além do desmate na Amazônia. Uma das principais resistências foi de Dilma, que via no corte de emissões um entrave ao crescimento econômico.
Outro foco vinha do Itamaraty, que temia adotar um objetivo ambicioso que o país não pudesse cumprir. "A questão é que não existe "meta voluntária". A partir do momento em que se apresenta a meta à convenção [do clima da ONU], ela se torna vinculante", disse a ex-ministra Marina Silva (PV).
Ontem, numa reunião em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva arbitrou a disputa interna e resolveu que a meta brasileira iria variar entre 36,1% e 38,9%, número mais próximo da proposta de Minc. "É um intervalo de confiança", explicou Dilma, dizendo que o país poderia fazer menos ou mais dependendo de ter menos ou mais recursos e menos ou mais engajamento dos Estados e da população.
Outros setores
Além do desmatamento na Amazônia, compõem a proposta a redução de 40% no desmatamento no cerrado, que deve abater 100 milhões de toneladas de gás carbônico das emissões nacionais; uma série de ações no setor agropecuário (recuperação de pastagens, plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e integração lavoura-pecuária); ações de eficiência energética, aumento no uso de biocombustíveis, expansão das hidrelétricas e fontes alternativas de energia; e o chamado "carvão verde" para a siderurgia, com a substituição de lenha de mata nativa por lenha d
Nas discussões sobre as mudanças no Código Florestal, os ruralistas venceram a queda de braço contra os ambientalistas, e o presidente Lula prorrogou o decreto da reserva legal de 11 de dezembro para 11 de junho de 2011. Os produtores terão mais 18 meses para se adequar às regras de preservação dos pedaços de floresta de suas áreas.
Essa decisão foi comunicada pelo presidente aos ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Carlos Minc (Meio Ambiente) na segunda, em reunião em São Paulo da qual participaram também Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário).
Stephanes disse a Lula que a entrada em vigor do decreto tendo como base a atual legislação ambiental colocaria na ilegalidade cerca de 3 milhões de pequenos e médios proprietários que desmataram legalmente suas áreas para avançar com lavouras décadas atrás.
Lula abraçou a ideia e determinou a prorrogação do decreto, o que dá a Stephanes e aos ruralistas um ano e meio de prazo para mudar o Código Florestal. Quando o decreto entrar em vigor, o proprietário autuado pela fiscalização sem a totalidade da reserva legal terá prazo de 120 dias para formalizar uma proposta de recuperação da área. Feito isso, o que já o livra da multa, terá até 2031 para recuperar a área de floresta.
Segundo o código, a reserva legal na Amazônia representa 80% da propriedade. No cerrado da Amazônia Legal, 35%, e nas demais áreas do país, 20%.
Esse decreto teve sua primeira versão publicada em julho do ano passado. Diante das críticas de ruralistas, Lula editou cinco meses depois uma versão mais amena, com multas mais leves e prazo maior para o produtor se adequar às leis.
Essa nova prorrogação do decreto, que Minc tentou evitar por meio de uma proposta de programa com facilidades para o produtor registrar sua reserva legal, é mais uma vitória dos ruralistas e uma forma encontrada pelo presidente para evitar críticas do setor produtivo na campanha eleitoral de 2010.
Pré-candidata ao Planalto, Dilma tem se apresentado como coordenadora de ações antidesmatamento. Anteontem, participou do anúncio da menor taxa anual de desmatamento da Amazônia em 21 anos.
O silêncio oficial após a reunião de segunda-feira tem explicação: a prorrogação do decreto ofuscaria o anúncio de redução do desmatamento e colocaria em xeque a principal meta do país para a conferência da ONU sobre mudanças climáticas (reduzir o desmate em 80% na Amazônia até 2020).
Na reunião de segunda, além da prorrogação do decreto, Lula e Dilma inclinaram-se por outras medidas para o agronegócio. O presidente deixou predefinido que a compensação de reserva legal terá como limite de compra e venda o mesmo bioma, e não a microbacia hidrográfica. Por exemplo: quem desmatou parte de sua reserva legal no Acre poderá comprar parte da reserva legal de algum proprietário do Tocantins que a tenha acima do limite exigido.
A única vitória de Minc foi a inclinação do presidente de manter a exigência de reserva legal em todas as propriedades.