
Por Michelle Lopes
“Políticas de acesso à água e segurança alimentar e nutricional - Um diálogo entre as experiências na China e no Brasil”. Este foi o tema do Simpósio realizado dia 5 de outubro, em Brasília, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com o apoio da Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva (ABCMAC).
No período da manhã, houve uma palestra com o pesquisador Zhu Qiang, especialista em captação de água pluviais da Universidade de Tsinghua e do Departamento de Recursos Hídricos da Província de Gansu da China. O pesquisador foi um dos idealizadores do Programa “Providenciando água para uso humano e para animais”, conhecido como “1+2+1”. Seu trabalho foi referência para a elaboração do Programa Um Milhão de Cisternas, no Brasil.
Zhu Qiang iniciou sua apresentação compartilhando informações sobre a situação dos recursos hídricos na China. O país tem a sexta maior quantidade de recursos hídricos no mundo. Mas, devido à grande população, a disponibilidade de água per capita é de um quarto da média mundial. Além disso, a distribuição dos recursos hídricos é desigual, nos aspectos espaciais e temporais.
De 1988 a 1994, o Instituto de Pesquisa de Gansu para Conservação de Água (GRIWAC) iniciou, com o apoio do governo, um projeto de extensão sobre captação de água de chuva. A idéia era atender a demanda de uso doméstico e de produção.
Em 1995, uma grave seca atingiu o noroeste da China. “Milhões de pessoas e os animais estavam sob a ameaça de sede”, explicou Zhu Qiang. Com base nos resultados positivos do projeto de extensão, o governo lançou o Programa “1+2+1”, visando solucionar os problemas de consumo para a população rural na região onde não havia água disponível. O governo apoiou as famílias com o fornecimento de 1,5 tonelada de cimento para a construção de uma superfície de captação composta por telhas e pátio revestido de concreto, dois tanques de armazenamento para uso doméstico e irrigação da horta e um pedaço de terra para cultivo de hortaliças e árvores frutíferas.
“Talvez, o papel mais importante do projeto tenha sido fazer com que as pessoas reconheçam a importância da água de chuva”, avalia Qiang. As ações continuaram, na Província de Gansu. E permanecem até os dias atuais. Há razões para o sucesso do Programa: “Destacamos as atividades iniciais de investigação e demonstração, o apoio governamental e a motivação das famílias”.
Entretanto, há desafios a serem superados: os pontos fracos são o abastecimento doméstico, o monitoramento e a melhoria da qualidade da água. “Embora os agricultores tomem cuidado na limpeza da área antes da chuva, é preciso dar mais atenção à qualidade. Quanto à irrigação, problemas de gestão foram responsáveis pela baixa eficiência. Alé