SÃO LUÍS - A estiagem atinge 40 municípios do semiárido do Maranhão, no leste do estado, na divisa com o Piauí, onde vivem cerca de 1,1 milhão de maranhenses.

Na penúria da seca, o banho é regrado. A água barrenta dos açudes é um alívio na aridez do sertão.

- Não tem outra água. Usamos essa água até para banho. Chega cansada do serviço, não tem como banhar mais perto - diz a dona de casa Gorete Oliveira.

Quem já não suporta mais enfrentar distâncias em busca de água fica até dois dias sem tomar banho.

- É ruim demais ficar sem tomar banho. Não tem quem aguente. Aguenta porque aguenta mesmo - comenta uma moradora.

Para os moradores da região, cada gota d'água é valiosa.

- As dificuldades são grandes - reclama a dona de casa Francinete Oliveira.

Há quatro meses não cai uma gota de água na região. Com isso, a vegetação ficou esturricada pelo sol. Os animais vasculham os campos secos em busca de alimento. Para salvar a criação, o sertanejo tritura folhas de macaúba. A palmeira nativa agora serve de ração para o gado faminto.

- Se não quiser perder, porque a única coisa que a gente ainda tem de se valer é de uma criação para sobreviver, para comprar a despesa de casa, né? - fala a lavradora Maria de Jesus.