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20.01.2010
De braços abertos para a chuva
Jornal - Diario de Pernambuco


Por Ana Paula Neiva

Quem chega ao Sítio Açaí, na Zona Rural de Poção, no Agreste do estado, já percebe uma mudança na paisagem. Parte do terreno de mais de seis hectares é ocupado hoje por uma área extensa e cimentada de 200 metros quadrados. Uma obra que parece esquisita aos olhos do morador da cidade grande, mas que vai ajudar o dono daquela terra a conquistar a sua independência financeira, garantindo a alimentação de sua família. Trata-se de uma das 12 cisternas tipo calçadão que estão sendo construídas no município e prometem transformar a vida de pequenos agricultores.

Gente como José João da Silva, 42 anos, que viu no equipamento uma esperança para poder plantar e colher bons lucros com o negócio. Ele é um dos 60 beneficiados com o programa Uma Terra, Duas Águas, desenvolvido com apoio da Diocese de Pesqueira e a Articulação do Semi-Árido Brasileiro. No projeto, as verduras e frutas cultivadas pelos agricultores terão destino certo: a merenda escolar.

O trabalho estásendo realizado em duas comunidades, nos sítios Açaí e Chorador. Mas para ter uma cisterna tipo calçadão, a propriedade precisa ser enladeirada. Os 200 metros quadrados de área são cimentados num terreno semiplano e em declive, facilitando o acúmulo da água da chuva. As cisternas têm capacidade para armazenar até 53 mil litros de água, o que garantirá a irrigação da produção dos agricultores durante o período de seca.

O agricultor José João conta que resolveu apostar no equipamento para investir na plantação de verduras e frutas. "Já planto feijão, milho e mandioca. Mas tinha dificuldade para irrigar a roça. Para facilitar, trabalho com o sistema de sequeiro, mas não dá para fazer muita coisa", explica. Com a nova cisterna, José João acredita que poderá ampliar o plantio. A mulher dele, a dona de casa Maria Verônica de Espíndola, 35, não para de olhar para o céu esperando a chuva. "Será um sonho. A gente continuar plantando e poder criar os nossos filhos aqui, sem buscar emprego na cidade", diz a mulher, queé mãe de dois filhos pequenos.

Construídas com o apoio do Ministério de Desenvolvimento, através da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar, o modelo promete uma renda de R$ 4,5 mil por ano para cada agricultor, uma média de um salário mínimo mensal. "A dificuldade para plantar aqui é exatamente a falta de água", afirma o coordenador do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável, Severino de Freitas Oliveira. Segundo ele, a maioria dos agricultores da região trabalha com a roça. Poucos têm gado no pasto. "Com a água, eles irão ter a garantia de que o plantio vingará. Depois, vamos vender a plantação para a merenda escolar e assim fazer com que os trabalhadores tenham uma fonte de renda fixa", esclarece Oliveira.

O trabalho é árduo e cansativo. Com a enxada, embaixo do sol escaldante, eles não param. Em média, o homem da região fatura uma média de R$ 10 a R$ 15, por dia de serviço. "Quem ganha mesmo é o atravessador", comenta Severino de Freitas Oliveira. O projeto será estendido até julho do próximo ano, quando os coordenadores acreditam que os agricultores ter&atild

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