As irmãs Maria José e Raquel moram na comunidade Manoel de Souza, no município de Soledade, no Cariri Paraíbano. Elas desenvolvem um conjunto de experiências de convivência com o Semiárido que são importantes para o aumento da segurança alimentar. Maria e Raquel relatam, nesse boletim, todo o manejo que fazem para criar e multiplicar as galinhas gogó de sola - uma das raças mais antigas na região. Essa raça apresenta características relevantes para a realidade da agricultura familiar: produz bem a carne e ovos, tem boa aptidão para criar os pintinhos, começa a por ovos cedo, tem boa adaptação ao clima quente e se alimentam desde o mato do terreiro até o milho do roçado.

O boletim sistematiza a experiência de uma família de migrantes que passou uma temporada no Brejo e outra no Cariri Paraibano. A família consegue fixar morada na comunidade Cachoeirinha dos Torres, no município de Soledade, na região do Cariri, depois que começaram a desenvolver iniciativas de convivência, como estocagem de água e diversificação dos roçados. A família é reconhecida como guardiã da biodiversidade pois vem manejando o feijão macassa vermelho, variedade bem adaptada às condições locais e que tem importância na produção de alimentos familiar.

Danilo é guardião da cabra azul, uma raça nativa de caprinos que atualmente está quase extinta na região. O jovem agricultor mora com seus pais na comunidade Malhada de Areia, no município de Olivedos, no Cariri Paraibano. A criação animal tem um papel importante na produção de alimentos e geração de renda, através da venda de animais vivos, carne e queijo. O agricultor relata que essa atividade tem contribuido para sua permanência na região, sobretudo pelo retorno financeiro, além de ser um espaço de aprendizagem uma vez que vem conseguindo trocar experiência com outras famílias para melhorar a atividade.

A sistematização mostra a luta para preservação de um rio encabeçada por um grupo de famílias em comunidades rurais, nos municípios de Soledade e Boa Vista. A água desse rio tem como principal utilidade a dessedentação dos animais e para limpeza da casa, principalmente nos períodos mais críticos de seca. As comunidades realizam diversos mutirões para limpeza e ampliação dos vários olhos de água. As famílias também lutam com os donos de casas de materiais de construção que retiram areia e massame do leito do rio para venda nas cidades vizinhas.

A família Cantalice tem um bom histórico de aproveitamento da água das chuvas para produção de alimentos para consumo humano e animal. Atualmente, uma das principais ocupações durante todo o ano é o aproveitamento de uma vazante. Essa vazante faz parte de uma barragem construida com a mão-de-obra famíliar e apoio de um irmã que mora em São Paulo. Toda água que passa na propriedade é bem utilizada e também reaproveitada como é o caso da água do banho e da pia, essa é utilizada para sedentação das aves e porcos.